9 ½ SEMANAS DE AMOR (9 ½ Weeks, EUA, 1986) – Crítica
O DIRETOR
Adrian Lyne é um diretor competente que encontrou um filão para explorar em filmes com enredos colocando casais em situações limite onde geralmente o sexo é o elemento que liberta, vicia ou escraviza os protagonistas. Apesar de seu melhor filme ser o drama fantástico ALUCINAÇÕES DO PASSADO, Lyne sempre é lembrado pelos seus filmes com alto teor erótico, como INFIDELIDADE e ATRAÇÃO FATAL. E claro, por FLASHDANCE.
Em 1997, seu filme LOLITA foi recusado nos cinemas por adaptar um dos grandes clássicos da literatura do século XX, que narra a triste e pervertida paixão de um professor quase cinqüentenário por sua enteada de 12 anos. Na época, casos de pedofilia pipocavam nos EUA e um dos melhores trabalhos de Lyne acabou relegado às locadoras e a uma única exibição na TV americana. Lyne disse certa vez que “adora filmes que provocam discussão. Isso é o que um filme deveria fazer.” Bem, às vezes ele consegue.
SINOPSE
Recém-divorciada, a bela e jovem marchand Elizabeth conhece John, um bem sucedido acionista, que se revelará um amante provocante e misterioso...
O FILME
Cult-Movie dos anos 80, 9 ½ SEMANAS DE AMOR foi um dos primeiros filmes eróticos americanos a atingir o grande público em um Brasil onde a censura supostamente havia acabado. Os cinéfilos logo souberam que não era bem assim, mas isso é outra história.
Mas é claro que o filme não ficou famoso e ficou meses em cartaz por contar apenas uma história de amor instável. O que o público queria era ver a paixão e os jogos eróticos aos quais os personagens Elizabeth e John entregavam-se durante mais da metade do filme.
Com uma bela iluminação de contra-luz de Peter Bizou, enquadramentos sutis e planos detalhes, Lyne constrói uma atmosfera sensual inebriante que empolgou e continua empolgando quem embarca no labirinto clipado de prazeres do diretor. Lyne consegue arrancar dos dois protagonistas, Kim Basinger e Mickey Rourke, interpretações dramaticamente interessantes e sexualmente intensas.
Mas apesar de Elizabeth adorar ser sexualmente dominada por John, ela passa a notar que seu relacionamento pode ser só aquilo e nada mais. O conflito se insere na vida dos dois quando ela percebe que John não procura realmente uma relação estável ou uma intimidade real que só vem quando a pessoa se doa verdadeiramente ao outro.
Crítica às relações superficiais, o filme cresce no final, revelando-se mais do que um mero filme erótico, como muitos acreditam.
Um filme para ser visto com o namorado, marido, amante...
OS ATORES
Kim Basinger começou sua carreira como modelo e logo chamou a atenção de Hollywood, onde começou a atuar no início dos anos 80. Com o grande sucesso de 9 ½ SEMANAS DE AMOR, vieram uma série de filmes, que apesar da boa produção, eram filmes inexpressivos que procuravam aproveitar mais a bela plasticidade de Basinger do que seus dotes dramáticos, que infelizmente, nunca foram acima da média.
Na tentativa de não ficar presa ao eterno papel de protagonista erótica, Basinger investiu em comédias como ENCONTRO ÀS ESCURAS, com Bruce Willis e MINHA MADRASTA É UMA EXTRATERRESTRE.
E durante mais de dez anos, Basinger esteve entre as atrizes mais belas e requisitadas de Hollywood até que veio a consagração do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante para o ótimo LOS ANGELES – CIDADE PROIBIDA em 1998. Mas a “maldição” do Oscar de Atriz Coadjuvante atingiu a bela atriz, que já tinha 44 anos na época. Os bons papéis começaram a escassear, pois a maioria dos roteiristas e diretores em Holywood simplesmente não cria papéis de protagonistas para mulheres entre os 40 e 60 anos. Por essa razão, muitas atrizes nessa faixa etária acabam migrando para o teatro e a TV.
Claro que Kim Basinger continua fazendo filmes, mas as chances dela ter um grande papel no cinema novamente são cada vez mais raras. Hollywood sempre foi cruel com suas atrizes...
Mickey Rourke estourou nos anos 80 para o público amante de cinema como um novo James Dean. Alguns chegavam a compará-lo com Marlon Brando. A polêmica cantora irlandesa Sinead O’Connor chegou a declarar publicamente que limparia o banheiro de Rourke se ele pedisse, tal o frisson que ele provocava nas fãs. Mas além do talento, Rourke parecia ter herdado também destes dois grandes atores o desprezo pelas regras sociais, pela imprensa e até pela indústria cinematográfica.
Deixando-se levar pela persona de bad boy, Rourke foi acumulando desafetos por todo lugar até que desgostoso, acabou abandonando o cinema para lutar boxe no início dos anos 90.
Sem conseguir uma carreira expressiva na lutas e já mais velho, Rourke voltou ao cinema para atuar em produções para lá de decadentes, onde chegou até a ser o vilão de um dos piores filmes de Jean-Claude Van Damme. E os filmes de Van Damme nunca foram exatamente bons... O fundo do poço artístico para quem havia feito filmes com grandes diretores e atores.
Com o rosto modificado por socos e cirurgias plásticas, o Rourke que arrancava suspiros das mulheres nos anos 80, tornou-se uma caricatura de si mesmo.
Mas o talento demonstrado no passado foi relembrado pela nova geração de diretores cinéfilos e papéis mais interessantes começaram a ser oferecidos a Rourke nos anos 2000 e com O LUTADOR, de Darren Aronofsky, Rourke foi indicado para o Globo de Ouro e para o Oscar 2009 de Melhor Ator. Agora, de volta às boas produções, Rourke está podendo escolher em que filmes atua e uma de suas próximas aparições será como o super-vilão Chicote Negro em HOMEM DE FERRO II.
CENA CLÁSSICA – O STRIP-TEASE DE ELIZABETH
Este filme é desaconselhável para menores de 16 anos.
Comentários
Fiquei curiosa para conhecer esse filme! =)
Beeijos!
Recomecei meu blog, tá com uma roupagem diferente, a meu ver.
=*
Ahh, em tempo: atenção pra cena em que John presenteia Elizabeth com um xale no cais após conhece-la numa feirinha livre! Juro... 'e de arrepiar qdo ele mostra o xale, a encobre com ele abracando-a e diz: " Depois nao diga q nao avisei!" Me arrepio ateh hoje!! NAO PERCAM!!!