CAPITÃO AMÉRICA: GUERRA CIVIL (Captain America: Civil War, EUA, 2016) - Crítica
Cartaz promocional imitando a estética dos anos 70.
Sinopse
Uma nova política que restringe as atividade dos Vingadores coloca Capitão América e Homem de Ferro em lados opostos da lei.
Os diretores
Os irmãos Russo dirigem Chris Evans em cena de "Capitão América: O Soldado Invernal".
Os irmãos Anthony e Joe Russo são egressos da TV, onde dirigiram séries como "Community" e "Happy Endings". Antes de dirigirem "Capitão América: O Soldado Invernal" e sua continuação, haviam realizado para o cinema apenas a comédia romântica "Dois é Bom, Três é Demais". Dado o histórico da Marvel de contratar apenas diretores medianos para seus filmes, o fato do estúdio finalmente ter conseguido dois diretores realmente bons para seus filmes parece ter sido mais sorte do que estratégia.
Os quadrinhos
Cena icônica dos quadrinhos aproveitada pelos diretores.
A minissérie "Guerra Civil" (2006-2007), cujos desdobramentos também aconteceram em diversos outros títulos da Marvel, tirou sua inspiração de "Watchmen". Como na obra-prima de Alan Moore e David Gibbons, Mark Millar e Steve McNiven colocam os super-heróis em xeque quando o governo dos EUA decide que todos devem registrar suas identidades civis perante as autoridades e servirem ao governo quando chamados. Capitão América passa então, a liderar a resistência contra o governo em favor das liberdades civis. Na época, a obra procurava fazer uma crítica com as leis anti-terror e a constante vigilância sobre cidadão americanos.
O filme
Apesar de importante na história da Marvel, os filmes do Capitão América
não criavam expectativa alguma no público nerd. Até que surgiram os
irmãos Russo.
Quem assistiu "O Soldado Invernal" já sabia que poderia esperar o melhor filme de susper-heróis do ano com "Guerra Civil". Com mãos firmes e seguras, os irmãos Russo conduzem com talento esse épico sobre vingança e amizade.
E se você tem intenção de ver o filme, sugiro que assista os dois primeiros filmes do Capitão América antes desse para poder entender e se relacionar melhor com o drama dos personagens e a trama.
Atenção: alguns spoilers a partir desse ponto.
O roteiro trabalha tão bem os personagens, que todos tem suas habilidades e personalidades explorados na tela.
Muitos críticos e fãs estão chamando esse filme de "Vingadores 2.5" e não estarão errados, visto que nos quadrinhos, "Guerra Civil" é uma história que inclui quase todos os heróis da Marvel. Mas para torná-lo um filme do Capitão América, os roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely inseriram novamente o arco do Soldado Invernal / Bucky Barnes na trama. E algumas questões políticas foram deixadas de lado para apelar mais para o lado emocional da história. O que é um ponto positivo no filme, pois garante uma empatia maior do espectador com os personagens durante o filme todo e especialmente no seu clímax.
Mas isso não quer dizer que a abordagem política da atuação de super-heróis ao redor do mundo passe despercebida e a discussão sobre vigilantismo e intervenção "super-heróica" passa ser debatido quando diversos civis morrem em uma ação dos Vingadores.
Em um enquete feita nos cinemas, os fãs pedem com urgência um filme solo da Viúva Negra com Scarlet Johansson.
Com a opinião pública voltada contra os heróis por conta de diversos catástrofes anteriores (ver "Vingadores" e "Vingadores: A Era de Ultron"), a ONU decide que os Vingadores só poderão agir quando autorizados por um comitê e a mando deste. Stark, cheio de remorsos, aceita o controle da ONU enquanto Rogers teme que eles poderão ser usados em causas duvidosas. Politicamente divididos, os heróis se separam.
Mas um novo atentado terrorista acaba com a diplomacia e o Soldado Invernal é o principal suspeito. Rogers não acredita em sua culpa e tenta salvar o amigo a todo custo, pois é seu último elo com um passado mais simples e feliz. Por causa disso ele colocará em xeque sua amizade com Stark e agirá contra a lei.
A presença do Pantera Negra é um trailer bem vindo do seu filme solo programado para 2018.
Cenas espetaculares de ação extremamente bem executadas e coreografadas intercalam momentos com os personagens demonstrando um aprofundamento criado ao longo de diversos filmes. A química entre os atores Chris Evans (Capitão), Robert Downey Jr. (Homem de Ferro) e Scarlet Johansson (Viúva Negra) vem sendo trabalhada há anos e a cada filme revela mais nuances.
Com um custo de 250 milhões de dólares, o filme já faturou 700 milhões em apenas 12 dias de exibição.
A batalha climática dos heróis no aeroporto, onde a participação mais aguardada do personagem mais famoso da Marvel acontece, é tão bem humorada quanto empolgante e reserva surpresas gigantescas. São amigos e também novos personagens como Pantera Negra e Homem-Formiga lutando uns contra os outros e por ser um filme da Marvel, eles pegam leve nos golpes e até se dão ao luxo de brincar e provocar uns com os outro na dosagem certa. Pelo menos até que as coisas fiquem sérias demais e o clima fique mais DC Comics na sequência final.
A batalha final de Capitão e Bucky contra o Homem de Ferro é física e emocionalmente brutal para Rogers, que precisa destruir uma amizade para salvar outra. A essas alturas, a política foi esquecida e só vemos pessoas que antes eram amigas, agredindo-se mutuamente.
Com treze longas no cinema, várias séries de TV e alguns curtas, a Marvel está construindo um universo compartilhado por todas as mídias.
Trailer
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