RENFIELD – DANDO O SANGUE PELO CHEFE (Renfield, EUA, 2023)

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Drácula na Era dos Super-Heróis

Sinopse

No século XXI, Renfield, continua sendo dominado por Drácula e busca ajuda em um grupo para pessoas envolvidas em relacionamentos tóxicos.

O diretor

Chris McKay dirirgiu o popular Lego Batman: O Filme (2017) e a superprodução genérica A Guerra do Amanhã (2021).


Mckay dirige Cage.
O diretor pensou o filme como uma sequência direta para Drácula (1931) de Todd Browning. Ele inclusive queria que trailers e posters informassem isso, mas o estúdio recusou. 

O filme

O subgênero dos super-heróis, que já vinha em expansão desde 1999 com X-Men de Bryan Singer (saindo da dominação óbvia do morcego), fincou bandeira com Homem de Ferro (2008) de Jon Favreau e de lá pra cá tem estimulado estúdios, produtores, diretores e roteiristas de filmes de ação a, quando não trabalharem diretamente com o universo de super-heróis, a usarem atores destes filmes, a linguagem/estética destes filmes e claro, superpoderes de algum tipo. De preferência algum que justifique muita porrada para todo lado.


Cage e Hoult.
O sonho de Nicolas Cage era interpretar Capitão Nemo, Superman e Drácula. Superman ele quase conseguiu, mas pelo menos dublou uma das muitas versões animadas. Só falta o primeiro.

E quem mais poderia imaginar que um personagem literário como Renfield, o simples advogado tornado servo/cúmplice/louco por Drácula, seria material para um filme de ação super-heróico, que não Robert Kirkman?  Kirkman é o criador e roteirista de duas sagas monumentais em quadrinhos adaptadas para a TV: The Walking Dead (2010 – 2022) e Invencível (2021 - ). Apesar de só ter escrito o argumento, ele certamente já continha muitas das boas sacadas inclusas no roteiro escrito por Ryan Ridley, cujo trabalho se destaca no roteiro de 25 episódios da divertida Community (2009 – 2015) e 10 episódios da insana e mega criativa Rick e Morty (2013 - ).


Além de ser parte de um boato que alega que o ator é um vampiro (por conta de similaridades com quadros antigos), essa é a segunda vez que Cage interpreta um vampiro. A primeira foi em Um Estranho Vampiro (1988), onde ele come uma barata viva em uma cena sem cortes. E ele também produziu o ótimo A Sombra do Vampiro (2000), uma comédia de humor negro sobre a estranha gravação de Nosferatu.

E Kirkman e Ridley trazem a inspiração cartunesca, ensandecida e ultraviolenta dos quadrinhos e séries para este filme. A direção de McKay, como no seu filme anterior, é apenas ok, sem muita criatividade ou inspiração, apenas os truquezinhos de câmera típicos desses filmes e ele até mesmo deixa de aproveitar vários momentos de criar cenas mais interessantes e engraçadas como quando Cage se levanta do caixão. McKay poderia ter referenciado Nosferatu (1922) e Drácula de Bram Stoker (1992), ou criado uma cena cômica com isso, mas não o faz e apenas entrega uma tomada sem graça e sem motivo de ser. 


Sendo a Universal a produtora do Drácula original, foi fácil para a produção utilizar cenas do filme para aplicar os rostos de Cage e Hoult em Bela Lugosi e Dwight Frye nas cenas divertidas de flashback.


De qualquer forma, o roteiro se sustenta nas várias piadas e boas sacadas espalhadas pelo filme e na atuação exagerada e bizarra de Nicolas Cage como Drácula. O filme se perde apenas quando tenta fazer drama e apela para clichês sentimentais bobos achando que alguém se importa com isso em um filme com lutas e massacres onde as pessoas arrancam braços para usá-los como porretes e lanças.

Para uma comédia de terror farsesca, Renfield é acima da média e talvez até tenha uma pequena chance de se tornar cult graças a presença sempre cativante de Nicolas Cage. 


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