À SETE PALMOS – Série


Se você gostou do filme BELEZA AMERICANA (American Beauty, EUA, 1999), vencedor do Oscar de Melhor filme, que detonava e debochava da classe média e do american-way-of-life em geral, vai adorar À SETE PALMOS (Six Feet Under, EUA, 2001 – 2005).

Criada por Alan Ball, roteirista de BELEZA AMERICANA, Á SETE PALMOS acompanha 5 anos da família Fisher.

O elenco principal da série.

Proprietários de uma casa funerária, os Fisher habitam o segundo andar de sua casa, enquanto no térreo, funerais são realizados todos os dias e no porão, corpos são reparados, abertos, costurados, embalsamados e maquiados.

E na casa, não poderia viver gente mais normal:

A familia mais (a)normal de todas.

O pai, Nathaniel Fisher (Richard Jenkins), que vivia uma vida aparentemente insípida e que morre nos primeiros minutos da abertura e passa a série toda como um “fantasma”, conversando com a mulher e os filhos.

A mãe, Ruth (Francês Conroy), toda certinha, mas completamente neurótica e que mantinha um amante na ocasião da morte do marido.

O filho mais velho, Nate (Peter Krasuse), o mais rebelde e empático da família, que foi embora por não agüentar o clima opressivo e deprimente da casa e voltou somente por causa da morte do pai.

O filho do meio, David (Michael C. Hall, o famoso Dexter), gay não assumido que tem um namorado policial e é assíduo frequentador da igreja local.

A relação homossexual de David com seu namorado é uma das mais honestas e realistas já mostradas.

A adolescente Claire (Lauren Ambrose), que herdou a rebeldia sem causa de Nate, mas é totalmente perdida em seus casos amorosos e sexuais equivocados e tenta se encontrar numa família fechada em seu próprios dramas.

A bela Claire, frustrada com sua vida, se joga em uma série de relacionamentos frustrados regados a alcóol e drogas.

Bom, aparentemente todos os ingrediente para uma boa série dramática estão aí. Quase uma novela, mas com personagens ricos de conteúdo e com roteiros melhores ainda. E a série já seria boa se fosse simplesmente isso, mas Ball quis fazer da série, além de um retrato de uma família americana atípica, mas igual a todas as outras, um tratado sobre a morte, a vida, o amor e o sexo. E os roteiristas levam a série aos maiores limites filosóficos, existencialistas, desesperadores e tristes que qualquer série já vista na história da TV. A crítica americana aclamou a série como uma das melhores já feitas. Se considerar que todo ano umas 50 novas séries surgem, é um feito para lá de considerável.

Mas não pense que a série é só dor e sofrimento. Embora esses sentimentos estejam em todos os episódios, o humor negro e o deboche são as armas tanto dos roteiristas quanto dos personagens para aliviar a barra, tanto do nosso lado, quanto da vida deles. Geniais são os prólogos de cada episódio, que demonstram a verdade do dito popular “para morrer, basta estar vivo”. Mortes horríveis, patéticas, tristes, engraçadas, brutais e bobas dão o tom de cada episódio, pois os mortos de cada episódio são levados pra a casa funerária dos Fisher, onde eles tem que lidar com os familiares dos falecidos e frequentemente, com os próprios “fantasmas” dos mortos.


Os personagens vão do Céu ao Inferno durante a série.
Não necessariamente nessa ordem.

Durante os 5 anos em que foi exibida, a série teve 63 episódios com 50 minutos de duração e recebeu 53 indicações a todo tipo de prêmio da televisão americana, dos quais ganhou 11, incluindo 3 Globos de Ouro por Melhor Série Dramática (2002), Melhor Atriz Coadjuvante em Série – Rachel Griffiths (2002) e Melhor Atriz em Série Dramática – Francês Conroy (2004).

E os atores, incluindo os coadjuvantes, dão um show à parte. Todos tem seus preferidos, mas essa série torna muito complicado decidir qual ator ou atriz é melhor, tão boa foi a seleção de elenco e o posterior desenvolvimento dos personagens pelos roteiristas, atores e diretores.


Federico (Freddy Rodriguez), o embalsamador oficial da casa, adora o que faz e é a pessoa mais sã da série e o personagem mais simpático.

Assisti toda a série no ano passado e posso garantir que ela me afetou, afetou meu casamento e meu modo de ver a vida.

O final da série são os 5 minutos mais belos e tristes que já vi na TV e não conheço uma alma que não tenha ficado chorando por muito tempo depois que ela acabou.

Se você tem mais de 18 anos e se importa com questões como a morte, sobre o que estamos fazendo aqui, para onde vamos, de onde viemos e se a vida vale à pena, essa série é para você.

Assista enquanto pode, pois a vida pode ser mais curta do que você imagina.


A linda e lírica abertura da série. Trilha de Thomas Newman.

A série completa você encontra nas boas locadoras ou clicando nos banners do Submarino aqui do blog.

Comentários

Marieta Severo disse…
Adoreii *--*

Jerri visita esse blog -> www.galeradamedia.blogspot.com

eles são muiito criativos e só teiim 13 anos O_O
Bell Bastos disse…
Sabe Jerri, eu via as chamadas dessa série mas não me imteressava, não sei por quê. Verdade seja dita, eu tive uma surpresa ao finalmente descobrir o assunto dela.

Pois bem, pretendo assiti-la, a sua crítica foi realmente esclarecedora.

Aliás, se é uma série da HBO, a chance de ser excelente é gigante (que talento que esse povo tem viu..)

P.s.: Quanto ao Watchmen, meu hd pifou de um jeito que eu perdi tudo (aliás, tive que comprar outro HD), o que inclui, obviamente, a minha coleçãozinha do Watchmen. Mas o meu verdadeiro plano é comprar o livrinho mesmo, pra poder ler com calma e em qualquer lugar.

Maas, enquanto não caem 110 reais do céu para que eu compre a coleção completa do Watchmen (mas eu também né, quero a coleção de luxo,. uahuahuaa), eu estou me divertindo lendo a Interpretação Dos Sonhos, do Freud, que mesmo não tendo nada a ver com Watchmen está se mostrando um ótimo livro.

Beijos,
Bell.
Clarissa B. disse…
Vou procurar os episódios da série pra baixar. Já tinha ouvido falar dela, mas nunca me interessei realmente.

Uma dica de um blog que to amando agora é http://estradadosol.blogspot.com/
Amei os posts dela, porque são pequenos parágrafos, que fazem a gente pensar. Adorei
Adriano Cabral disse…
Hum vi a propaganda do blog na comunidade da série A SETE PALMOS. É sempre bom ver alguém divulgando o que é bom. Só discordo de você comparar o pífio Beleza Americana, que tem um final brutalmente moralista "matando o rebelde", como sempre acontece com os contos moralistas de qualquer época, com a magistral série a A SETE PALMOS.
Escrevi um CONTO inspirado livremente na série no meu blog, se quiser conferir:
http://spensando.blogspot.com/2010/05/todos-um-dia-vao-embora.html

PS:Bell mate algumas pessoas mas consiga watchman. rs
Lot and Less disse…
Parabéns, soube descrever maravilhosamente a série ! Ela é realmente incrível, sendo que comecei a pouco tempo e já estou na 3rd season. Abraços :)

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