PEDRO ZIMMERMANN - Entrevista




Pedro Zimmermann é roteirista, diretor e meu amigo desde a 7ª série. De lá pra cá já se passaram 31 anos. Nesse tempo todo, Pedro se dedicou à publicidade e ao cinema, sua grande paixão. Escreveu roteiros de institucionais (vídeos de empresas), comerciais, curtas, séries e longas de ficção. E também já faz algum tempo que ele anda sentando na cadeira de diretor. E eu fico contente por ver que ele também luta por realizar seus sonhos forjados na adolescência. Nesta entrevista ele fala sobre como tudo começou, as dificuldades, os sucessos e seus próximos projetos.


Quando surgiu seu interesse pela literatura e cinema?

Como tantas outras crianças eu gostava de ler, de assistir filmes e desenhar. A diferença é que, em algum momento, decidi que essas atividades iam me acompanhar pela vida afora.

Sua família apoiava seu interesse nessas áreas?

Até certo ponto, sim. Quando descobriram que eu estava decidido a fazer disso uma profissão, acho que se assustaram.

Na adolescência, você foi co-fundador do GÊNESIS, um grupo dedicado ao gênero Fantástico no cinema, literatura e quadrinhos. Fale um pouco sobre essa experiência e o efeito que teve na sua decisão em buscar uma carreira na área audiovisual.

Foi muito importante, sim. Era um jeito de saber que a gente não estava sozinho em nossos gostos "excêntricos". Compartilhar das mesmas preferências cinematográficas e literárias não era uma experiência tão simples. Era preciso garimpar os amigos. A gente sabia o que era uma rede mundial de computadores, mas não tinha em casa.


O Grupo Gênesis e seus integrantes entusiastas do Fantástico em 1985:
Entre muitos, Pedro Zimmermann (ao centro, de camisa branca) e Jerri Dias (no chão, segurando o cartaz).

Suas primeira tentativas de escrever roteiros de ficção foram bem sucedidas?

Posso dizer que sim. Na época da escola eu escrevia sem a menor auto-crítica.

Você optou pela graduação em Publicidade e Propaganda. Porquê?

Era a experiência mais próxima do cinema que alguém podia ter em Porto Alegre. Minha primeira pergunta ao entrar na URGS foi: "Quando é que abre o curso de cinema"? Até hoje não abriram.

Após sua formação, você acabou dedicando-se muito mais a roteiros publicitários e audiovisuais empresariais do que a roteiros de ficção. Isso foi uma decisão própria ou outros fatores o motivaram a seguir esse caminho?

Nunca deixei a ficção de lado. E sempre encarei o trabalho na área publicitária como uma forma de me manter ativo na área, exercitando minha escrita.

Porque ser roteirista?

Para sonhar de olhos abertos.



Trailer do curta FUTUROLOGIA (2005).


Quanto tempo você levou para se estabelecer como um roteirista profissional de ficção?

Uns dez anos. Foi um processo bem gradual e incompleto. Hoje estou mais interessado em desenvolver minha carreira como diretor.

Quais seriam as grandes influências no seu trabalho?

As influências são bem diversas. Vão do cinema clássico aos filmes mais obscuros, sem preconceitos de nenhuma espécie. Do Spielberg ao Tarkowsky, passando por George Lucas e Andrezj Zulawsky. Nessa mistura tem doses de Wong-Kar Way, Jean Cocteau, Orson Welles, Ridley Scott, Paul Schrader e Paul Thomas Anderson.

Qual é o seu método de trabalho para roteiros encomendados?

O ideal é entrar na "freqüência" de quem fez a encomenda. Criar uma identidade com o assunto, como faz o ator com seu papel. Ao mesmo tempo, procuro encontrar convergências com o meu próprio imaginário. Pode parecer esquizofrênico, mas funciona.

Como funciona seu processo de criação para roteiros de ficção?

É uma mistura de método e caos. Às vezes me deixo levar por conceitos e imagens, sem rumo certo. Em outros momentos tenho que organizar essa deriva criativa. Faço planos, esquemas, escaletas. E volto a mergulhar no sonho.


Clique para ampliar.


Depois de ter realizado muitos roteiros para outros diretores, você tem ocupado a cadeira de diretor em alguns curtas de ficção. Pode falar como foi essa transição?

Sempre considerei a atividade de roteirista como parte de uma estratégia para chegar à direção. E sempre pensei em termos de imagens. Então, dirigir foi um passo natural e necessário. O mais crítico, evidentemente, é gerenciar as diversas demandas criativas da equipe. Nos últimos anos, além da direção de curtas ficcionais, tenho realizado também documentários de curta e média-metragem. Acho que o tempo investido no estudo e na escrita dos roteiros me deu uma base mais sólida para essa carreira.

Você tem um trabalho que o tenha deixado insatisfeito com o resultado final? E qual o deixou mais satisfeito?

Dos erros cometidos por mim ou por terceiros, melhor nem comentar. Prefiro ficar com a parte positiva. Dois trabalhos que me deram grande prazer foram "Mapa-Mundi", curta de ficção com o Walmor Chagas que eu dirigi no ano retrasado, e "Arte, Ordem e Caos", um documentário de média-metragem sobre o processo criativo que me deu a chance de entrevistar gente como o Peter Greenaway e o Michel Houellebecq.

Fale sobre seus projetos atuais.

Tenho dois projetos prontos para sair do papel. "Eco de Longa Distância" é um "suspense metafísico", com roteiro premiado pelo MINC, que eu espero começar a filmar ainda no primeiro semestre de 2011. "Oxigênio" é uma série de ficção científica com efeitos visuais bem ambiciosos, selecionada para financiamento pelo Fundo Setorial do Audiovisual. Fiz em parceria com um grande amigo chamado Jerri Dias.





Alguma dica ou conselho para quem tem interesse em se tornar roteirista?

Todos somos diferentes. Então, acho que cada deve encontrar seu método, seu caminho. De qualquer forma, a paixão, a disciplina, a intensidade e o comprometimento com a carreira nunca fizeram mal em nenhuma atividade. Eu diria que o essencial é manter a curiosidade diante do mundo, uma capacidade que muitos tendem a perder quando se tornam adultos.

Comentários

heey disse…
heey pessoal!
jerri, acabei de criar um blog, so que e anonimo, entao preciso aranjar um jeito de divulgar o link.
me ajuda?
kissesandpictures.tumblr.com
vou postar toda semana, aguardem.

beijos, abracos e bomboms!
lucia.

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