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OS BASTIDORES DO LIVRO DOS ESPÍRITOS - História
Saiba como um professor de ciências investigou as mensagens dos espíritos para fundar uma religião na Paris do século 19.
Esse é um trecho de matéria publicada na revista Superinteressante.
Para a ler na íntegra, clique no link após o texto.
por Artur Fonseca
Na sala principal de uma mansão em Paris, um grupo de senhores elegantes observa em silêncio a garota de 14 anos. Julie Baudin está sentada em frente a uma mesa redonda e segura um estranho objeto – uma cesta com um lápis encaixado na borda, que risca letras em espiral. Cada palavra é analisada atentamente por um dos homens. A garota parece não saber por que os adultos olham para ela tão concentrados – volta e meia ela ri e faz algum comentário engraçado. Suas mãos, porém, desenham no papel frases que em poucos meses irão fundar uma religião: o espiritismo.
Publicado pela primeira vez em 1857, o Livro dos Espíritos foi organizado em cerca de 20 meses pelo professor francês Allan Kardec, que coordenou longas reuniões com médiuns, fazendo perguntas a eles e colhendo respostas que acreditava vir dos espíritos. Dos vários médiuns que contribuíram para o livro, 3 garotas se destacam. Julie e Caroline Baudin, de 15 e 18 anos, e Ruth Japhet, de 20. Organizando as respostas para 501 perguntas sobre o Universo, Kardec criou a doutrina e visão de mundo do espiritismo, fazendo dele muito mais que uma diversão da burguesia parisiense.
Na época, os fenômenos mediúnicos serviam como passatempo nos salões de Paris, que começava a ganhar ares cosmopolitas. A partir de 1850, a cidade passou por uma grande reforma. Ruelas medievais e casebres deram lugar a avenidas largas e bulevares que convergiam no Arco do Triunfo, símbolo da força da modernidade e da nova burguesia francesa. Com novos parques, a cidade se preparava para virar o século como a Cidade das Luzes. Era tempo de revolução industrial e descobertas científicas, que tornavam o homem capaz de explicar e interferir nos fenômenos ao seu redor. Ou em quase todos.
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