JOHN WICK 3: PARABELLUM - Crítica
O mestre de Gun Fu está de volta!
Presumindo que você não tenha visto os dois John Wick anteriores, pode demorar um pouco pra entender o estranho mundo em que vive esse personagem e por que o filme já começa com o protagonista ferido, sangrando e com um monte de assassinos atrás dele. Mas o tio explica: John Wick (Keanu Reeves) teve a mulher e o cachorro (presente da mulher) assassinados no primeiro filme e apesar de ter se aposentado de sua vida de melhor assassino profissional de sua geração, decide que gente que mata cachorro não merece viver. E acredito que muito leitores amantes de animais pensam assim. E assim ele parte em uma missão aparentemente sem volta, pois após matar dezenas de pessoas no primeiro filme, isso gera uma retaliação de parentes dos falecidos e mais algumas dezenas de mortes que vão resultar em uma quebra fatal da regra entre os assassinos: jamais matar alguém dentro das premissas do hotel Continental, um santuário para matadores. John mata, é excomungado e agora tem 14 milhões de dólares de recompensa para quem o matar primeiro. Eu não contei, mas teve gente que contou e nos dois primeiros filmes ele matou 205 pessoas. Acho que todos bandidos. Acho. Bem, nesse novo filme da franquia ele deve matar umas 150 pessoas. A mensagem do filme para as crianças é clara, violência gera mais violência. Será que os adultos entenderão? ;-)
Com o advento dos super-heróis, heróis humanos de filmes de ação atuais tem que ter a mesma resistência e capacidade de sofrer golpes de um Capitão América.
Se no primeiro filme John Wick era respeitado como uma lenda, o temido Baba Yaga (bruxa russa equivalente ao Bicho Papão brasileiro) que voltava para aniquilar parte do submundo do crime, neste terceiro filme ele é tratado como uma celebridade pelos outros assassinos. Por um momento achei que um deles ia pedir para fazer um selfie com John. Entretanto, como sabemos, fãs mais fanáticos adoram matar seus ídolos e é esse o caso de Zero (Mark Dacascos, de Hawaii 5-0), um profissional tão letal quanto Wick. Zero e seus ninjas castigam impiedosamente todos os que ajudam John em sua fuga de uma espécie de multinacional de assassinos, a Alta Cúpula. Aliás, os ataques dos ninjas estão entre as melhores cenas, pois os atores estão realmente, com uma pequena ajuda dos enquadramentos, posicionados em pontos cegos e sombras. E quando você os vê, você nem tem certeza de onde eles saíram.
E claro, o grande forte dessa franquia são as coreografias de lutas com armas (Gun Fu), facas e lutas corporais brutais e sanguinárias como poucas se vê por aí. A execução delas parte do próprio diretor Chad Stahelski, que foi coordenador de dublês na saga Matrix, também protagonizada por Reeves. Com 80 dublês (eu contei!) ao seu dispor, Stahelski se diverte com cenas de ação sobre cena de ação, mal dando tempo para o espectador respirar. Se você inventar de ir ao banheiro durante o filme e perguntar na volta para a sua namorada (ou namorado) o que você perdeu, ela vai te responder: “umas 20 mortes.” A luta na biblioteca e no antiquário nos primeiros 15 minutos já entra para a história como uma das mais alucinantes e engraçadas com livros e facas da história do cinema. Sim, dá pra rir com algumas das mortes. Uma pena que não aconteça isso com todas, já que chega um momento em que cansa de ver tanta gente levando um monte de tiro na cabeça. Tantas vidas desperdiçadas, meu Deus... :-(
Keanu Reeves está concorrendo ao posto de Jackie Chan no que se refere à coreografias de lutas originais e irreverentes.
Porém, como o diretor não é burro, eles sabe que tem que manter a plateia interessada e na batalha final ele resolve mudar um pouco e John enfrenta dois assassinos muito respeitadores (você vai entender) antes da luta com Zero, o boss do game, que é o que filme parece muitas vezes, da forma como foi roteirizado e editado.
Além das sequências com excelentes coreografias, o espectador mais antigo e mais atento deve prestar atenção nas aparições de Angelica Huston (Família Adams) como a Diretora de um estranho teatro secreto onde se treina bailarinas e assassinos e Jerome Flynn (Sor Bronn de Game of Thrones) como Berrada, o cunhador das moedas usadas pelo submundo dos superassassinos. Além deles tem a participação bacana de Halle Berry, como... adivinha? Uma superassassina! E com dois cachorros!
Nem tudo no filme se resolve com armas, às vezes é só com violência física mesmo.
Mas como diz um certo piloto da van por aí, se vocês acharam que John Wick iria fechar em uma trilogia, acharam errados, otários. Vem aí John Wick 4! Esperemos que Keanu Reeves, que vai estar com 56 anos em 2021, ainda consiga arrebentar muitas cabeças, troncos e membros.
Publicada originalmente em Central 42.
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