O TELEFONE PRETO (The Black Phone, EUA, 2021) - Crítica


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Tal pai, tal filho

Sinopse

Após ser sequestrado por um serial killer e trancado em um porão, um menino de 13 anos começa a receber chamadas das vítimas mortas pelo assassino.

O diretor

Um aficionado por filmes de horror, O Telefone Preto é o 5º filme do gênero de Scott Derrickson, sendo o seu melhor O Exorcismo de Emily Rose (2005). Derrickson tentou a ficção científica com a fraca refilmagem do clássico O Dia em que a Terra Parou (2008) e só  caiu nas graças do povo em 2016 com Doutor Estranho, da Marvel.  Por conta de “diferenças criativas” (eufemismo usado para qualquer tipo de desavença ou discórdia, até mesmo diferenças criativas de verdade), optou por apenas produzir Doutor Estranho no Multiverso da Loucura (2022) e cedeu a direção para Sam Raimi. 



Derrickson dirige Thames no set de O Telefone Preto.

O filme

Baseado em um conto do escritor Joe Hill, O Telefone Preto se passa nos anos 70 e passa uma sensação familiar de que você já viu aqueles personagens que sofrem bullying violento dos colegas, tem poderes mediúnicos, mágicos com visual de palhaço, fantasmas,  serial killers e, por fim, objetos comuns conectados com o sobrenatural. Se o leitor pensou em Stephen King, acertou. Mas é Joe Hill. Um grande fã, talvez? Sim, mas não só. Joe Hill é, na verdade, filho de King e até já escreveu livros em parceria com  o pai.



Finney (Mason Thames) e sua espirituosa irmã Gwen (a ótima Madeleine McGraw). O primeiro, vítima de violência na escola, a segunda, em casa. Como era bom quando não existia Conselho Tutelar e os pais não se importavam com os filhos que voltavam da escola arrebentados de surras.  


Como já disseram, todas as histórias já foram contadas, o que importa é como você as conta. E Derricksson consegue capturar a atenção do espectador com mais um filme do subgênero “portas-trancadas”, aquele no qual um ou mais personagens estão presos e precisam escapar antes de sofrerem uma morte horrível.



Será que Finney poderá contar mesmo com a ajuda dos fantasminhas camaradas?

Mas embora consiga nos manter razoavelmente entretidos, Derrickson não teve a coragem de tentar nos colocar apenas no ponto de vista de Finney (o competente Mason Thames) e nos manter presos com Finney sem saber o que acontecia do lado de fora, aumentando nossa tensão e expectativa. Optou pela solução mais fácil de mostrar tudo o que acontecia do lado de fora, com família e policiais procura. Para quem acha que talvez fosse entediante apenas acompanhar um menino tentando escapar de um porão, recomendo o filme Enterrado Vivo (2010), de Rodrigo Cortés.



O sequestrador é baseado em serial killers reais. Ted Bundy, Ted Bundy atraía suas vítimas pedindo ajuda com seu carro. John Wayne Gacy espancava suas vítimas com um cinto. E uma das vítimas de Jeffrey Dahmer conseguiu escapar de seua apartamento, mas foi recapturada.


Ethan Hawke, que interpreta o serial killer, está muito bem em um de seus raros momentos como vilão em sua carreira e foi um dos motivos que me levou a querer ver esse filme. Ele nunca mostra seu rosto inteiro e isso foi uma ótima escolha do diretor e do ator para a construção do seu personagem. Uma pena que o roteiro não tenha sido tão bem pensado, pois no momento em que os fantasmas das vítimas mortas revelam que tem poder telecinético, o espectador imediatamente se pergunta porque diabos eles precisam que Finney execute sua vingança contra o serial killer?  



O sequestrador utiliza várias máscaras assustadoras durante o filme, cada uma expondo partes diferentes do seu rosto. A máscara foi criada pelo lendário maquiador Tom Savini, responsável pela maquiagem do Sexta-Feira 13 original e muitos outros. 


Enfim, O Telefone Preto deve agradar o público em geral e o espectador mais exigente pode optar por esse ao invés do infantil Thor: Amor e Trovão. A lamentar apenas a escolha do diretor em passar a mensagem de que para se tornar um adulto de verdade, o adolescente precisa ser capaz de passar por um ritual de violência. Na vida real, isso costuma mesmo é gerar adultos traumatizados ou violentos.    

  

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