BARBIE (EUA, 2023) – Crítica
Sinopse
Tudo é perfeito na Barbielândia e todo dia é uma festa. Até o momento em que Barbie pensa sobre morte.
A diretora
Greta Gerwig é atriz, roteirista e diretora americana. É casada com o também diretor e roteirista Noah Baumbach, com quem co-escreveu o roteiro de Barbie. Foi indicada ao Oscar de melhor direção pelo filme Lady Bird: A Hora de Voar (2017).
O filme
Quando Barbie era citada como produção cinematográfica com atores reais, 99% das pessoas devia imaginar um filme infantil meio bobo que seria usado para vender bonecas. Da mesma forma como fazem com a franquia Transformers.
Mas numa grande reviravolta satírica dos roteiristas Gerwig e Baumbach, o filme da Barbie se revela muito mais inteligente, esperto e divertido que os robôs briguentos de Michael Bay. Mattel 1 X Hasbro 0.
Muito foi dito pelas feministas sobre o conceito machista da boneca Barbie imposto a meninas, objetificação do corpo feminino, ideal de beleza branca e loira, padrões corporais impossíveis, etc. Para não apanhar tanto, a Mattel, criadora do produto, tratou de se adaptar (um pouco) aos tempos e criou todo tipo de Barbie para tentar abraçar a diversidade étnica e profissional das mulheres ao redor do mundo.
E é a esse mundo que somos apresentados. Com uma direção de arte criativa e figurinos divertidos criados por Sarah Greenwood e Jacqueline Durran, Barbielândia é completamente artificial e plastificado e nem sequer água existe nessa dimensão.
E nesse mundo dominado por Barbies que apenas fingem trabalhar, os Kens servem apenas de companhia para elas e não tem vida própria fora da vista delas. Tudo indica que vivem eternamente na praia.
Mas num belo dia, o que é óbvio, pois todos os dias são belos em Barbielândia, a Barbie estereotipada (Margot Robbie) se pergunta, no meio de uma coreografia, sobre a morte. Isso basta parta quase acabar com a festa. E esse pensamento imediatamente passa a ter efeitos estranhos sobre os dias já não tão perfeitos dessa Barbie. As mudanças são tão radicais que seus pés agora se ajustam anatomicamente ao chão, ao invés de serem ajustados apenas para salto alto.
Isso leva Barbie a uma aventura ao mundo real para tentar encontrar a causa de problemas que não deveriam afetar sua vida, como celulite. Ken (Ryan Gosling se divertindo), apaixonado, vai de arrasto. Mas o choque cultural no mundo real é grande e diferente do que Barbie imagina, a maioria das mulheres não parece dominar os ambientes de trabalho e nem parecem felizes e empoderadas. Ao mesmo tempo, Ken, que sempre foi apenas um objeto de decoração, se maravilha com cavalos e com o fato dos homens mandarem no mundo. Isso basta para que ele leve livros sobre patriarcado e cavalos para a Barbielândia.
Para não entregar muito o resto da trama, o filme tem seu clímax em uma batalha campal (ou praieira) e em discussões sobre patriarcado e feminismo que são ora divertidas, ora interessantes para quem pouco pensou sobre o assunto até agora. Espera-se que a mensagem chegue ao público que precisa ser atingido, tanto homens quanto mulheres.
Como bem apontou a crítica Emily Zemler do Oberver, Barbie e Oppenheimer, que estreiam no mesmo dia, tem em comum um bando de homens em uma sala decidindo como o mundo deve ser e optando pela guerra e destruição do outro como solução para problemas complexos.
Felizmente, em Barbie, a esperança e a força do feminino aparecem para salvar o dia e colocar um sorriso no rosto da audiência.
Comentários