FALE COMIGO (Talk to Me, Austrália, 2022) – Crítica

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Sangue novo em cena

Sinopse

Um grupo de amigos descobre uma mão embalsamada que permite que espíritos ocupem seus corpos por alguns segundos. Com transmissões ao vivo nas redes sociais, eles acabam indo longe demais.

Os diretores

Os irmãos australianos Danny e Michael Philippou trabalharam na equipe do já clássico horror O Babadook (2014) e foram criadores do divertido canal RackaRacka, onde escrevem, dirigem e atuam em diversos curtas com muita ação, paródia e violência desde 2013 (assista o bônus no final desta crítica). Fale Comigo é seu primeiro trabalho como roteiristas e diretores com lançamento mundial.  


Contrariando as expectativas de todos que achavam que eles fariam uma comédia em sua estreia, os Philippou apareceram com um horror denso.

O filme

Um dos trunfos do cinema australiano de Horror é que ele dialoga com o mundo contemporâneo ao mesmo tempo em que traz a mão pesada da cultura britânica no que tange a uma violência mais realista e chocante, algo que o cinema americano, em geral, tem dificuldade de lograr com êxito.

Os irmãos Philippou, com uma carga nerd semelhante a dos irmãos Russo (série Community e os quatro melhores filmes da Marvel) , zoaram o que puderam no canal RackaRacka e na contramão dos Russo, recusaram dirigir um filme para a DC/Warner e prefeririam trabalhar um terror mais modesto com o estúdio A24, a produtora com mais fãs depois da MARVEL Studios. 


Por conta da mera particpação do ator trans Zoe Terakes, Fale Comigo foi proibido no Kwait. Como o filme, em nenhum momento fala ou faz qualquer referência a cultura LGBT, a motivação foi simplesmente medo, ódio e preconceito contra o próprio ator. Até onde se sabe, é a primeira vez que um filme é proibido apenas por conta da presença de um ator trans.  

Fale Comigo arrecadou inesperados 10 milhões em seu filme de estreia e tudo indica que pode entrar para  lista dos 50 filmes de Horror mais lucrativos de todos os tempos. Lembrando que ter lucro não é o mesmo que arrecadação. Um filme que custa 10 milhões e arrecada 20 milhões é mais lucrativo do que um que custa 100 milhões mas arrecada 150 milhões. O primeiro se pagou e ainda tem dinheiro para fazer um outro igual. O segundo se pagou, mas não sobrou dinheiro para fazer outro igual.  


Assim como dos diretores, espera-se boas futuras performances da ótima Sophie Wilde.

  

Mas porquê o filme está fazendo tanto sucesso? Bem, junto com a premissa interessante, o filme segue algumas fórmulas (personagem principal traumatizada), clichês (adolescentes fazendo merda) e traz referências cinematográficas bem pensadas e nos conduz com a confiança de quem sabe o que está fazendo. A protagonista forte e um bom elenco de apoio garantem a empatia e a emoção para esse tipo de gênro e o roteiro circular também ajuda  o filme a descer redondo no cérebro do espectador mais exigente e ainda deixa um gancho para continuação, já que Danny Phillipou, ao ser perguntado sobre uma sequência antes do filme ser lançado, disse: “Meu Deus, claro. A A24 só precisa que esse primeiro seja um sucesso, haha, me ajuda!” 

Bem, eu acho que nem precisava, mas parece que uma sequência vem aí.


 

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