BESOURO AZUL (Blue Beetle, EUA, 2023) – Crítica
A Disney comprou a DC?
Sinopse
Um jovem mexicano recebe um artefato alienígena sensciente que o possui e lhe dá superpoderes.
O diretor
Besouro Azul é o segundo longa do portorriquenho Angel Manuel Soto. Antes, realizou 3 curtas metragens e o longa La Granja (2015).
O filme
Besouro Azul consegue a proeza de ser o primeiro filme de super-herói com elenco e equipe principal composta de latino-americanos. Isso fez com que roteirista e diretores conseguissem manter vários diálogos em espanhol (até Bruna Marquezine teve chance de falar em português) e muitos aspectos da cultura mexicana e latina estão presentes por todo o filme, às vezes reforçando estereótipos, às vezes não.
O diretor Soto e o roteirista Gareth Dunnet-Alcocer (que curiosamente escreveu um curta sobre Maria Bonita em 2013) conseguem até falar mal do EUA e sua relação com demais países ao sul, citando inclusive a Escola das Américas, um centro de treinamento para torturadores e ditadores latino-americanos para lutar contra “ameaças” como sindicatos, grevistas e movimentos populares.
Mas isso tudo acaba um tanto desperdiçado em um filme infantil e sentimentalóide como uma novela ruim.
A latinidade do filme é a único trunfo na manga do diretor, todo o resto é mais do mesmo junto com boas ideias sendo desperdiçadas e más ideias sendo usadas. O roteirista e o diretor não conseguem equilibrar os momentos cômicos com os de ação ou drama, dando ao filme um aspecto confuso e sem rumo. Um dos muitos exemplos que posso citar é o fato de, apesar de não termos nenhum ideia da ética ou moral do protagonista, ele não mata. Assim, mesmo com o vilão e soldados armados tentando matá-lo o tempo todo, ele insiste em dizer que é errado matar e ok, é uma mensagem positiva e crianças estão vendo o filme. Mas não demora muito, sua família, que também entra na briga, mata vários soldados, inclusive empala um horrivelmente, e faz piada enquanto os mata. Tendo sido criado por uma família dessas e em um bairro pobre e certamente violento, porque é que ele não mata mesmo? Isso se chama má construção de personagem. Ou desleixo puro e simples.
Enfim, o filme tem muitos problemas e muitas cenas mal feitas, mal elaboradas, sem sentido e seria crueldade da minha parte chutar besouro morto. Tenho pena da Bruna Marquezine, que perdeu o papel de Supergirl em Flash (que não foi lá um sucesso, mas a personagem era mais interessante) e acabou pegando um papel sem muita graça como Jenny Kord. Minha compaixão também vai para o mico que Susan Sarandon paga nesse filme, como uma vilã caricata e incompetente. Se bem que talvez ela estivesse emulando uma vilã típica de novela mexicana... nesse caso ela é uma gênia!
Besouro Azul foi lançado para tentar fechar bem (pelo menos financeiramente) o universo cinematográfico DC junto com Aquaman 2 antes da reformulação de Jame Gunn, mas acabou sendo só mais um prego no caixão. E para quem, como eu, viu os últimos filmes da DC, fica a pergunta: onde estava a Mulher-Maravilha?
BÔNUS: Analogia ao filme e aos seus responsáveis.
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