O EXTERMINADOR DO FUTURO: DESTINO SOMBRIO (Terminator: Dark Fate, EUA, 2019) - Crítica
A muito esperada continuação de Exterminador do Futuro 2
O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio é o filme que a franquia estava precisando para encerrar bem a série cinematográfica iniciada por James Cameron em 1984 com o primeiro O Exterminador do Futuro. Mas só se você desconsiderar A Rebelião das Máquinas (2003), A Salvação (2009) e Gênesis (2015), pois Destino Sombrio continua de onde importa, de O Julgamento Final, o segundo e melhor filme da série.
Arte do filme que lembra muito os quadrinhos da Heavy Metal.
Apesar da história e do roteiro terem sido escritos a 8 mãos, inclusive com pitacos do próprio James Cameron, também produtor, a história não tem nada de novo e apresenta apenas mais uma variação sobre tudo o que já foi visto ao longo de 35 anos. Novamente temos alguém que é a esperança de salvação da humanidade do futuro sendo caçada por uma IA humanóide superpoderosa (Gabriel Luna) e sendo protegida por outra pessoa enviada do futuro. O roteiro tenta aproveitar o que pode para mostrar coisas novas em uma história já bem conhecida do público. Às vezes ele é bem sucedido, como quando mostra um pouco do futuro da soldado cyborg Grace (Mackenzie Davis), uma personagem interessante e que gera empatia, ou quando revela como vive nos dias atuais um exterminador modelo T-800 (Arnold Schwarzenegger) que aprendeu a conviver com humanos.
Outras vezes ele apenas recicla alguns bordões e cenas para agradar aos fãs.
Três Mulheres e um Destino Sombrio.
Tim Miller é um bom diretor de ação e de atores, o que ficou comprovado em Deadpool e esse Destino Sombrio mostra que cenas de ação envolvendo muita porrada e explosão podem ser, sim, emocionantes e prender o espectador na poltrona, já que o diretor consegue, já nos primeiros 15 minutos do filme, nos envolver com os personagens e nos fazer importar com eles. Coisa rara na maioria dos blockbusters modernos, onde geralmente tanto faz se alguém vive ou morre, como ficou evidente no incipiente Projeto Gemini.
O antagonismo entre Sarah e Grace é um pouco forçado pelo roteiristas. Depois da boa experiência que teve com o T-800 herói de O Julgamento Final, ela devia ter mais confiança em gente que vem do futuro para ajudar.
Seguindo a necessária cartilha liberal americana, o filme mostra 3 protagonistas femininas empoderadas: Dani Ramos (Natalia Reyes), Grace (Davis) e Sarah Connor (Linda Hamilton). Hamilton, com 63 anos, tem uma chance como poucas na sua idade tem: protagonizar um filme de ação. Enquanto 90% dos homens fazem filmes de ação até os 70 anos ou mais, a maioria das mulheres costuma ser negado esse tipo de papel após os 40. Uma das raras exceções de que me lembro foi Helen Mirren, com 65 anos, no divertido RED: Aposentados e Perigosos.
Schwarzenegger reprisa com eficiência e um inesperado bom humor seu personagem icônico.
A distopia Homem X Máquina apresentada no primeiro filme agora se adaptou aos novos tempos e se fala em Homem X Inteligência Artificial. Discussão presente nos meios acadêmicos desde que Turing criou o computador nos anos 1940 e cuja presença já é constante na maioria dos aplicativos que usamos e onde isso vai parar não sabemos, mas acredita-se que antes do final do século já teremos criado uma IA com a mesma capacidade intelectual e cognitiva de um ser humano. O que virá após isso se chama Teoria da Singularidade e por isso mesmo, ninguém sabe dizer o que ela poderá se tornar, pois não temos ideia do que pode ser uma criatura que é mais do que humana, além do humano. A distopia do filme peca em apresentá-las sempre como criaturas belicosas, emulando os piores e mais baixos instintos animais, que é a violência em seu estado bruto. Claro que sem isso, não haveria a franquia Exterminador do Futuro como o conhecemos, mas o novo filme perdeu a oportunidade de mostrar uma outra faceta dessas IAs futuristas.
Mas para quem acha tudo isso uma bobagem, deixo aqui dois vídeos ótimos:
O primeiro é da Boston Dynamics, uma empresa de robótica que está revolucionando o mundo científico e assombrando as pessoas com seus robôs ágeis, forte e flexíveis.
O que nos leva ao segundo vídeo, uma brincadeira da empresa Corridor, criadora de efeitos especiais, que produziu vídeos assinando como Bosstown Dynamics, para enganar as pessoas e fazê-las pensar que se tratavam de robôs criados pela empresa do primeiro vídeo. Esses vídeos estão circulando editados nas redes sociais e muita gente está acreditando que são de verdade, mas são apenas efeitos especiais de primeira linha. Os robôs da Boston Dynamics ainda estão um pouco longe disso, mas na velocidade que seus engenheiros os estão projetando, não é loucura dizer que teremos robôs como esses já em 2030 ou até antes.
E daí para começarem a produzir Exterminadores como os do filme, não vai demorar muito. Só vamos torcer para que eles sejam programados para não nos exterminarem.
Comentários