HOMEM-ARANHA: LONGE DE CASA - Crítica


O retorno de um grande personagem

Homem-Aranha: Longe de Casa já é o quinto filme da Marvel Studios com o personagem desde o feliz acordo com a Sony. O carismático Tom Holland repete seu inseguro, atrapalhado, divertido e valente Peter Parker/Homem-Aranha como se espera de um adolescente com  super-poderes e grandes responsabilidades.

Boa cena que mostra o adolescente por trás da máscara. 
Marisa Tomei parece até uma adolescente na foto, mas elea tem mais de 50 anos. 
Essa imagem é do primeiro trailer e na versão final do filme ele aparece com a armadura e não com o unifome tradicional. 


Assim como o Homem-Aranha, o diretor Jon Watts (também diretor do primeiro filme) também tem grandes poderes e grandes responsabilidades e uma das principais é dirigir bem um grupo de jovens adultos (Holland e Zendaya tinham 21 anos na gravação do filme) que tem que nos convencer que tem 16 anos. E a missão é bem sucedida. O elenco exala energia e frescor adolescente, embora isso possa começar a ficar complicado se o próximo filme for produzido quando eles já tiverem 24 anos e continuarem tentando passar por jovens de 17 anos. E por enquanto o terceiro filme do Aranha nem aparece na Fase 4 da Marvel, mas um anúncio com todos os filmes deve sair até o fim do ano.


Zendaya e Tom Holland tem uma boa química e o espectador torce pelos dois. 


Já sobre o filme em si, ele demora um pouco para engrenar e assim como De Volta ao Lar, não se pode dizer que é um grande filme e ainda está um pouco longe do nível alcançado pelos dois filmes originais de Sam Raimi, mas vai agradar bastante quem já gostou do primeiro. Infelizmente não se pode esperar muito da Marvel na questão dos diretores, visto que, com exceção de James Gunn (Guardiães da Galáxia), Taika Waititi (Thor:Ragnarok) e os  irmãos Russo (dois últimos filmes do Capitão América e Vingadores), que foram um grande golpe de sorte, a Marvel não tem o hábito de chamar diretores de pulso firme ou muito criativos. E sem grandes diretores, não tem como fazer grandes filmes, apenas filmes bacaninhas e divertidos (ou nem tanto – Homem-Formiga que o diga).


Efeitos caprichados, mas não se nota uma grande evolução em comparação com o CGI do segundo filme de Sam Raimi. Segundo especialistas, isso se deve a pressa com que os efeitos estão sendo feitos hoje em dia. A luta final de Pantera Negra é um exemplo de como a urgência na finalização de efeitos pode arruinar com uma cena
  

Novamente, o filme tem muitas piadas, algumas cenas de ação entediantes e algumas bem interessantes que remetem muito a estética dos quadrinhos, mas nada que realmente empolgue como em outros filmes mais bem trabalhados do MCU. Um dos problemas do filme, e que Peter está sempre salientando para Fury (Samuel L. Jackson) e para o espectador, é que ele é o amigo da vizinhança, ele não luta contra mega monstros e ameaças cósmicas. E realmente, sendo o segundo filme do Homem-Aranha e já tendo lutado contra criaturas do espaço nos últimos Vingadores, os roteiristas poderiam ter dado uma chance a ele de permanecer em New York e lutar contra vilões menores. E quando digo menores, quero dizer visualmente menores e menos apocalípticos. Bom, pelo menos os roteiristas tiveram a decência de não colocar um raio vindo do céu para aniquilar a raça humana.

Não podiam faltar novas versões do uniforme para vender mais bonecos.


Na história também somos introduzidos ao conceito do multiverso por Mysterio (o ótimo Jake Gyllenhall) e ele revela, em uma sacada genial dos roteiristas, toda a verdade por trás de múltiplas Terras. Algo que nos últimos meses diversos canais e sites tem elaborado complexas teorias sobre isso e como esse acontecimento afetaria os futuros filmes da Marvel.


Mysterio (Jake Gillenhall) entrega fanservice e debocha dos fãs dos quadrinhos com sua vinda de outra Terra.

Além de enfrentar vilões e tentar viver um vida de adolescente normal cheio de hormônios, Peter tem que lidar o filme inteiro com a perda de seu mentor Tony Stark (Robert Downey Jr.) e o roteiro está recheado de aparições e citações ao falecido, inclusive com cenas de Guerra Civil. Nesse ponto o filme até parece com a vida real, pois quando perdemos alguém importante, lembranças da pessoa que se foi costumam nos acompanhar por muitos meses, ás vezes anos. Geralmente isso não costuma acontecer nos filmes da Marvel, visto que os três melhores amigos asgardianos de Thor são mortos em Ragnarok e ele sequer se importa em saber se estão vivos. Junte as constantes lembranças do Homem de Ferro com uma constante cobrança de que Peter deve substituir o herói morto e você terá uma sensação estranha de que algo não se encaixa, pois a Máquina de Combate ainda está ativa, assim como heróis mais experientes. E por isso, cobrar isso de um adolescente de 16 anos só faz sentido quando você sabe que o Homem-Aranha é o personagem mais popular da Marvel nos quadrinhos. E também era no cinema quando Sam Raimi o dirigia. Então, quando no filme se cobra para que o Homem-Aranha substitua o Homem de Ferro, a Marvel na verdade está querendo pedir para que o espectador abrace o aracnídeo como o novo grande personagem da Fase 4 (e talvez da 5), pois eles sabem do grande potencial que o personagem tem se bem conduzido. Ainda não é o caso, mas esperemos que roteiros e diretores melhores venham para salvar o cabeça de teia da mesmice, pois ele merece.


Confesso que senti sono na batalha final.
Coisa que não acontece quando as lutas são bem coreografadas e empolgantes, mas infelizmente não é o caso aqui. 

Ah, e sobre o subtítulo “o retorno de um grande personagem”, eu não me referia ao Homem-Aranha ou Nick Fury, mas a um personagem que todos os fãs da Marvel torciam para voltar. Na sessão em que eu estava, as pessoas aplaudiram seu retorno. E como se não bastasse isso, o final vem também com uma grande reviravolta que remete diretamente ao conceito do final do primeiro filme, inclusive com a mesma fala, deixando tudo bem redondinho. Os roteiristas às vezes fazem por merecer seus cachês.



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