O BECO DO PESADELO (NIGHTMARE ALLEY, EUA, 2021) – Crítica


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O Pesadelo Americano

Sinopse

Durante a Depressão americana, um homem pobre e amoral junta-se a uma feira circense onde, após aprender leitura fria, passa a fazer shows e praticar golpes. 



Bradley Cooper é Stanton Carlisle, o típico anti-heróis noir, um homem se escrupúlos e com uma moral tão maleável quanto uma serpente. Leonardo DiCaprio foi originalmente escalado para esse papel, mas a produtora não conseguiu o cachê que ele pediu e por isso Cooper acabou ficando com o personagem.  


O Diretor

O mexicano Guillermo Del Toro é mais um grande nerd que teve a chance de se tornar diretor e que desde que estreou com o instigante terror Cronos (1993) nunca mais parou de escrever e dirigir filmes do gênero fantástico que tanto adora. A Espinha do Diabo (2001), os dois primeiros Hellboy (2004, 2008) e O Labirinto do Fauno (2006) dão amostra do ecletismo estético do diretor ao tratar do gênero. 



Del Toro (centro) discute uma cena com Richard Jenkins e Cooper. Como muitos outros filmes, O Beco do Pesadelo também sofreu com grandes períodos de espera no meio das filmagens por conta da pandemia.

 

O Filme

Como disse acima, Del Toro tem basicamente se dedicado a sua paixão pelo cinema fantástico desde Cronos e tudo indicava que com o reconhecimento da Academia ao conceder 4 Oscars ao supervalorizado A Forma da Água (2017), tudo indicava que ele não teria motivos para se arriscar em um elemento que não fosse o seu. Mas Del Toro decidiu sair um pouco de sua zona de conforto e decidiu adaptar o livro O Beco das Ilusões Perdidas, de William Lindsay Gresham (1909 - 1962). Suspense já adaptado em 1947 por Edmund Goulding e lançado no Brasil com o título de O Beco das Almas Perdidas. Mas a nova obra de Del Toro não é uma refilmagem e se baseia apenas no livro. Apesar de ter elementos típicos de filmes de suspense e policial noir, Del Toro consegue criar uma atmosfera de fantasia ao trabalhar com elementos das feiras circenses, os famosos carnivales americanos com bizarrices, aberrações e apresentações de mágica.



Cooper e Williem Dafoe procuram por uma "criatura selvagem" no passeio fantasma do parque. Apesar do fantástico ser uma farsa na vida dos personagens, as consequências de lidar com o bizarro e o "sobrenatural" são tão terríveis quanto qualquer filme de horror. 


Com esses elementos Del Toro pode se sentir quase em casa e criar uma atmosfera única do cineasta maduro que se tornou e assim tentar mais algumas indicações ao Oscar. Se em A Forma da Água Del Toro se aproveitou de referências de antigos filmes B como O Monstro da Lagoa Negra (1954), apostar em um livro que já foi adaptado com atores famosos no passado pode ter parecido atrativo para o diretor e pode ser chamativo para os membros da academia nostálgicos da Era de Ouro de Hollywood.



Cate Blanchett emula perfeitamente as divas do passado, em especial Lauren Bacall, atriz presente em diversos clássicos do cinema noir.


Com um elenco dos sonhos, fotografia, direção de arte e figurinos impecáveis, Del Toro leva o espectador através da jornada do herói noir, geralmente um malandro cercado de cínicos e outras pessoas ainda piores do que ele. Não há redenção, não há catarse, pois na vida real a maioria das pessoas está fadada a uma vida onde a maioria dos sonhos se transformam em pesadelos e apenas uns poucos sortudos, ou canalhas, sobrevivem.        




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