ANONYMOUS - conto


O homem atravessa o deserto. Seu andar arrastado levanta pequenas ondas de pó e areia. Ele tem sede mas não se importa. Ele está cansado desse andar interminável de sua vida. Ele lembra de quando essa planície desolada era um oceano. Tudo está seco agora. O homem não tem mais lágrimas para derramar.


O homem cessa sua marcha. Ele olha para dentro do abismo. E como sempre, o abismo lhe parece bom e infinito.

O homem mergulha e o tempo se dilata. O tempo passa e apesar de todo o peso de sua consciência, o homem não cai mais rápido do que as pedras que o acompanham. O som do vento soa como ondas batendo em um rochedo. E no momento que antecedeu o choque o homem poderia jurar que sentiu cheiro de água salgada.

O volume de areia e pó que se ergue do chão dissipa-se lentamente. No baixar da poeira o homem está lá, no fundo do abismo.

Ele está ajoelhado e suas mãos mal conseguem conter o mar de lágrimas salgadas que brotam de seu rosto.

Comentários

Clara Freitas disse…
esse conto me veio bem no momento certo..gostei bastante dele ao todo, mas principalmente de alguns trechos.

e eu não sei ao certo se deu errado ou não...isso é que mata o guarda! Se rolo fosse simples, o nome não seria esse, se for parar e filosofar.. :P

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