X-MEN: FÊNIX NEGRA (Dark Phoenix, 2019) - Crítica



Diretor estreante não decepciona, mas também não surpreende. 

Simon Kinberg, produtor de vários filmes da franquia X-Men, estreia na direção do último filme do grupo na Fox, X-Men: Fênix Negra. Ele se esforça para entregar um filme bom e épico, mas sem ser um diretor criativo como Matthew Vaughn (o ótimo Primeira Classe) e Brian Synger (o bom Dias de um Futuro Esquecido e não tão bom Apocalypse), Kinberg faz o que pode com a experiência de set que possui e um roteiro que deixa a desejar. E mesmo com um orçamento de 200 milhões de dólares, o filme aparenta ter um orçamento menor que os anteriores (provavelmente por conta do custo dos astros). O filme tem boas cenas, especialmente a batalha final do trem, bastante emocionante, mas outras nem tanto e algumas até um pouco entediantes para um filme de super-heróis. Para uma franquia com ótimos personagens já bem desenvolvidos em suas matrizes nos quadrinhos, não saber aproveitá-los é um pecado.


Mystique foi de um visual ameaçador em Dias de um Futuro Esquecido...

Alguém apontou que um dos principais problemas dessa nova linha temporal de X-Men iniciada em Primeira Classe foi o fato dos filmes se apegarem demais a popularidade de Jennifer Lawrence. Quando o primeiro X-Men lançou Hugh Jackman, o público adorou ele e lhe foi dado mais destaque no segundo filme. Mas foi apenas destaque, Hugh Jackman ainda não era um superastro como Jennifer Lawrence quando assinou contrato para Primeira Classe. Colocá-la como Mystique pode ter sido uma boa ideia no primeiro filme, mas logo se revelou um problema quando houve pressão para que ela tivesse uma grande participação em todos os outros filmes e forçando-a em um papel que não condizia com sua contraparte nos quadrinhos.  Assim, os roteiristas eram muito autoconscientes sobre tudo o que precisava ser feito para dar destaque ao personagem de Lawrence nos filmes seguintes. E isso, segundo muitos, esvaziou o protagonismo dos outros mutantes. O que leva a personagem até a perguntar por que o grupo não se chama X-Women (X-Mulheres), já que ela é a líder.


...para um mais "amiguinha das crianças".


Cansada de fazer o personagem, especialmente por conta da maquiagem pesada, Lawrence não queria mais fazer X-Men, mas por força contratual ou um alto salário, topou. E talvez a falta de ânimo da atriz tenha sido responsável pela drástica mudança de sua maquiagem (agora muito mais simples) e nesse filme ela tem a aparência de um personagem de Power Rangers (leia-se infantilizada). E diante de toda a fama e protagonismo de Lawrence como Mystique, como dar destaque no filme para Samsa Stark... quero dizer, Jean Grey ( Sophie Turner)? Não é o que se pode chamar de uma grande sacada dos roteiristas, mas é o que temos para hoje.


Os filmes da Fox sempre tiveram dificuldade em construir um arco para todos os X-Men. 
A MARVEL deve resolver esse problema na próxima década.


Como você já viu no trailer, já sabe que a trama gira em torno de uma estranha força que se apossa de Jean e lhe dá poderes de uma deusa. Estranhamente, essa força estava presente no final de Apocalypse, mas nesse filme ela é apresentada como se fosse algo completamente inédito. Mas não respeitar muito roteiros anteriores já é uma tradição dos roteiristas da franquia. Mas sobre não respeitar roteiros passados, me refiro apenas aos novos filmes, pois tanto a trilogia anterior quanto a de Wolverine não fazem parte da linha temporal dessa realidade. Tanto pelos anos que separam as idades dos personagens quanto pela cronologia em que acontecem, já que tivemos dois filmes sobre a Fênix Negra. Não dá pra considerar que se passam no mesmo universo, mesmo forçando Dias de um Futuro Esquecido dentro dele. De qualquer forma, Xavier (James McAvoy) que tinha uns 30 anos em 1963 (ano que se passa Primeira Classe) está muito bem conservado para quem deveria aparentar 60 anos em 1992 (ano que acontece Fênix Negra). O mesmo vale para todos os personagens que estavam em todos os filmes desta nova franquia. E a gente achando que só Wolverine que era imortal...


A sequência de resgate no espaço chega mais próxima da versão dos quadrinhos. 


Mas enfim, o filme segue a cartilha básica de filmes do gênero, onde uma das heroínas perde o controle e se volta contra os colegas e amigos, que tem que detê-la. O filme começa com os X-Men sendo considerados heróis nacionais e aliados do presidente americano, mas basta Jean demolir uma casa de periferia e jogar uns carros da polícia ao ar para toda a opinião pública se voltar contra eles, o presidente abandoná-los politicamente e o exército resolver caçá-los. Uma reação tão desproporcional e ingrata quanto o exército invadir um hospital para prender todos os médicos porque um policial discutiu com uma das médicas. Junto a isso, uma mulher não muito misteriosa (Jessica Chastain) tentará trazer Jean e a força Fênix (não nomeada no filme, mas é como é chamada nos quadrinhos) para seu lado. Isso acaba envolvendo todos os X-Men e Magneto (Michael Fassbender), que como todo mundo sabe, não pode ficar sem cenas bacanas já que ele é o melhor personagem entre todos os mutantes. Me pergunto quem a Marvel vai colocar no lugar de Fassbender... quem poderia ser tão bom mas que ainda não está muito marcado em filmes de supers? George Clooney? Bradley Cooper? Iain Glen (Jorah Mormont de GOT)? E falando em mutantes com cenas bacanas, todo mundo lembra
Das cenas já clássicas do Mercúrio salvando o dia com uma trilha pop de fundo, certo? Bom, dessa vez ele está realmente na equipe e vai pro campo de batalha. Mas aparentemente Kinberg quis surpreender os espectadores com Mercúrio. Depois vocês me dizem o que acharam do uso que ele fez do personagem de Evan Peters. 

Depois de Ian McKellen e Michael Fassbender, que ator seria digno de usar o capacete de Magneto?


O final, como já comentado acima, é uma empolgante batalha em um trem em movimento, ponto onde o diretor Kinberg acerta. O interessante é que no roteiro original, a batalha tinha proporções mais cósmicas, mas foi modificada para evitar semelhanças com o filme da Capitã Marvel. Os produtores acharam que duas mulheres superpoderosas emanando luzes coloridas e batalhando no espaço em uma janela de apenas dois meses entre os filmes era demais. E para o fãs hardcore dos quadrinhos que não gostaram da versão da Fênix Negra com Famke Janssen em X-Men 3, vocês podem até não ficar felizes com essa nova versão da saga, mas ela é bem mais competente do que a de Brett Ratner. 


Jean Grey (Sophie Turner) se preparando para entrar em modo Dracarys.


E Hans Zimmer, que havia prometido que não iria mais fazer trilhas de filmes de super-heróis, voltou atrás e entregou a melhor trilha para um filme dos X-Men, junto com a de Henry Jackman em Primeira Classe. Pelo menos nesse ponto, a despedida do grupo de mutantes da Fox foi épica.   

 Publicada originalmente em Central 42.
   





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