SHAZAM! FÚRIA DOS DEUSES (Shazam! Fury of the Gods, EUA, 2023) – Crítica
As crianças tem um super-herói para chamar de seu
Sinopse
Sequência do filme Shazam!, que segue agora a história da família Shazam contra as três filhas do titã Atlas.
O diretor
O primeiro curta de David F. Sandberg, o apavorante Luzes Apagadas (2013) fez grande sucesso na internet e o ajudou a fazer o não tão bem sucedido longa baseado no curta, Quando as Luzes se Apagam (2016). Independente disso, Sandberg fez uma transição do horror para filmes infantis de super-heróis com Shazam! (2019) e agora, esta continuação. Não tanto por ser alguém particularmente talentoso ou com algo a dizer, mas como todo mundo, ele precisa garantir seu sustento.
O filme
O subgênero super-herói já está galvanizado na cultura cinematográfica há pelo menos 15 anos e tendo em vista que seu público original sempre foram crianças, nós, espectadores um pouco além dos 18, temos até tido alguma sorte quando alguns filmes são feitos com algum cuidado em relação a sua lógica interna, com personagens com arcos mais complexos e tramas inteligentes.
Mas as crianças também tem direito a poderem se divertir com a fantasia infantil de muito adulto hoje em dia, que é poder ser criança, dizer uma palavra mágica e virar um super-herói adulto. Nesse quesito, os criadores C. C. Beck e Bill Parker acertaram em cheio ao criar o personagem em 1940.
No primeiro Shazam!, Billy Batson (Asher Angel), um adolescente de 14 anos, era um jovem rebelde e rabugento devido ao abandono de seus pais e por ter sido criado em famílias diferentes ao longo da infância e a narrativa procurava dar conta de seus conflitos interno e a busca pelos seus pais biológicos. Já na sua versão superpoderosa, ele se tornava um adulto de 30 anos aparvalhado e confuso mais imaturo que sua versão de 14 anos. Como comédia, funcionou bem no primeiro filme. Mas nesse segundo filme, já passados alguns anos como super-herói, Billy cresceu, deixou de ser rebelde, mas continua rabugento e agora, preocupado com seu futuro. Mas Shazam não mudou nada, continua falando e agindo como um bobão de 14 anos, algo que Billy não é. Mas essa falta de lógica é algo que as crianças não vão se importar, pois as piadas infantis abundam por todos os lados.
Como roteirista, percebi que um dos truques para criar drama e conflito em filmes de ação/super-heróis voltados para o público infanto-juvenil é fazer adultos reagirem a maior parte do tempo de forma instintiva e/ou violenta, pois assim você consegue fazer com que tanto o protagonista e o antagonista criem situações complicadas e lutas. Quem quiser ver adultos reagindo como adultos em narrativas fantásticas, sugiro assistir a série Jornada na Estrelas: A Nova Geração.
Mas sendo um filme voltado para o público infantil, os personagens se comportam mais como tal e com toda a inconsequência que esse tipo de filme remete, pois temos inocentes anônimos morrendo em frente aos heróis sem que estes esbocem uma reação maior do que se estivessem jogando um vídeo game e quando acontece alguma reação, o choque dura apenas um segundo e o foco passa a ser outra coisa. E no geral a maioria da narrativa do filme é inconsequente e infelizmente os dramas de Billy crescendo mal são tocados e quem brilha mais é Jack Dylan Grazer como Freddy Freeman, o irmão de Billy, que é quem tem as cenas mais divertidas e interessantes e apesar de não ter contado, parece ter mais tempo de tela do que Asher.
No entanto, apesar de toda a falta de foco do roteiro e da direção em não saber mais para onde ir, as crianças não vão se importar, pois tem muito mais cenas cômicas com os heróis, mais batalhas e mais monstros (que não assustam) do que no primeiro filme. Leve seu filho e tente se divertir se puder.
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