KAZUO KOIKE (1936 - 2019) - Quadrinhos

O mestre e sua criação histórica.


Morre criador e roteirista de Lobo Solitário

Conhecido pela aclamado mangá Lobo Solitário, que roteirizou em parceria com o ilustrador Goseki Kojima, Kazuo Koike faleceu em decorrência de uma pneumonia em em 19 de abril. Ele tinha 82 anos.

Não sou um grande leitor de mangás, mas a relevância e profundidade que esse quadrinho japonês alcançou entre críticos e fãs só me parece equivaler com a do western Ken Parker, quadrinho italiano igualmente autoral de Giancarlo Berardi e Ivo Milazzo.


Capa de Frank Miller


Apesar de ser mais conhecido por Lobo Solitário, Koike escreveu diversos outros magás de sucesso ao longo das décadas, cimentando seu prestígio como um dos melhore s escritores de mangás do século XX. Felizmente ele passou boa parte de seu conhecimento para seus alunos, pois também foi um grande professor no seu curso de mangá na faculdade. 

Koike estreou nos mangás trabalhando com o lendário Takao Saito na série Golgo 13.

O traço simples, repleto de hachuras de Kojima davam o tom sujo e sangrento dos duelos.
Assim como a edição quase cinematográfica dos quadros.


Já nos anos 1970, Koike começou a trabalhar na série Lobo Solitário junto com o artista Goseki Kojima. Essa série genial apresentava Itto Ogami, um antigo executor do Shogun que caía em desgraça após ter quase toda sua família assassinada pelo clã Yagyu. O único sobrevivente do massacre foi seu filho pequeno, Diagoro. Empobrecido, Itto se torna um assassino profissional para sobreviver enquanto viaja pelo Japão e tenta vingar a morte de sua família. A série durou 7 anos e foi um sucesso de vendas no Japão, geralmente ultrapassando 8 milhões de exemplares a cada edição. A série foi adaptada para uma série de filmes de sucesso no Japão. Assisti a dois dos seis filmes, todos realizados nos anos 1970. Infelizmente não estava à altura dos quadrinhos e apesar da violência estar toda lá, faltava o lirismo da obra do Koike e Kojima. Eu diria que beiravam ao filme trash. E gosto muito de cinema japonês.  Em 2002, Genndy Tartakovski homenageou dignamente o personagem com uma participação na sensacional série de animação Samurai Jack.   

A série foi lançada aqui no Brasil em 1988, com novas capas ilustradas por Frank Miller, que admitiu uma grande influência da série em suas obras.  Outros artistas americanos, como Bill Sienkiewicz, assumiram as capas depois que Miller parou. A série foi descontinuada pela editora Cedibra no ano seguinte e a Nova Sampa voltou com ela entre 1990 – 1991 e depois entre 1993 – 1996. A Panini encampou a série em 2004 e publicou toda a saga em 28 volumes. 


Ninja Assassino (1980).
Aparentemente o tradutor não sabia a diferença entre um ninja e um samurai.


Enquanto trabalhava em Lobo Solitário, Koike e Kojima também criaram mais dois mangás populares, Samurai Executor e O Caminho do Assassino.

Junto de seu trabalho com Kojima, Koike criou a série Lady Snowblood em conjunto com o ilustrador Kazuo Kanimura, sobre uma mulher que tenta se vingar das pessoas que mataram seu pai e estupraram sua mãe.  A obra foi um sucesso e Koike chegou a escrever a adaptação do longa Lady Sbowblood: Vingança na Neve (1973).


Samurai Jack presta uma bela homenagem ao personagem em um dos episódios.


Além dos mangás típicos de ação e aventura históricas, Koike também adaptou personagens da Marvel para a cultura japonesa. Em 2004 foi honrado com a inclusão de seu nome no Hall da Fama Will Eisner.

Adaptado livremente da matéria de Brian Cronin para o site CBR.



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