A PRIMEIRA MEMÓRIA – Biografia
Quando estava produzindo um seminário sobre performance para o grupo Projeto Max, um dos palestrantes, Fernando Bakos, comentou sobre a teoria da “primeira memória”.
Não lembro onde ele leu ou escutou falar sobre isso e não achei no Google (nem mesmo em inglês), mas a teoria é sobre o fato de que nossa primeira memória (o fato ou cena mais antiga de que nos lembramos) geralmente tem algo a ver com o que vamos ser ou fazer na vida adulta. Ou pelo menos, o que gostaríamos de estar fazendo.
Ele falou, então, sobre sua primeira memória e ela realmente tinha a ver com seu trabalho como performer multimídia. Minha ex-esposa também comentou que sua memória mais antiga tinha a ver com o que ela gostava de fazer.
Quanto a mim, o fato mais antigo de que tenho lembrança é de quando eu devia ter 3 anos de idade e lembro de descer uma escada que parecia em espiral em direção ao térreo. Do alto da escada, eu podia ver uma sala vazia e uma TV ligada onde a única imagem era estática. Devia ser bem cedo, pois nos anos 70 muitos canais de TV só começavam sua programação entre 7 e 9 da manhã. É, naquela época as TVs dormiam...
Eu lembro de sentir uma sensação de solidão, pois parecia não haver ninguém por perto, mas não era uma sensação ruim nem boa, eu apenas estava sozinho com a TV fora do ar.
Bom, eu até acho que dá para tirar várias interpretações/conclusões dessa cena, mas as que fazem sentido para mim são duas:
1) Eu gosto de ficar sozinho comigo mesmo, sempre gostei, mesmo tendo um irmão e uma irmã para brincar na infância.
2) A TV fora do ar é um mundo sem imagens e sem histórias e tendo sido ela um elemento chave para o desenvolvimento de meu amor pelo cinema e quadrinhos (através de desenhos animados), acabei voltando minha vida adulta para a criação de narrativas, roteiros e direção, em uma tentativa de preencher a tela vazia com minhas próprias histórias. Não fiz isso toda a vida, claro, e nem sei se voltarei a fazê-lo, mas a vontade está lá, de forma consciente, desde meus 14 anos de idade e continua.
Não sei o quanto dessa teoria pode ser comprovada, pois isso depende de como as pessoas são capazes de analisar suas primeiras memórias em relação ao que elas fazem ou gostariam de fazer em suas vidas.
E mais tarde descobri que 1% da estática que vemos na TV são sinais de rádio da irradiação original da criação do universo. Isso mesmo, o Big Bang passa pelas nossas TVs. Se eu tivesse virado astrônomo, poderia usar esta interpretação.
De qualquer forma, não deixa de se um exercício interessante de memória e auto-conhecimento.
E você, já pensou se sua memória mais antiga tem a ver com o que você gosta ou gostaria de fazer da sua vida? É claro que se você for muito jovem ainda, talvez tenha que esperar alguns anos para descobrir a relação.
Comentários
Volte sempre!!
Beijos
Milena
avidademalu.blogspot.com
Amo sua coluna!!!
Sucesso!!!
Beijos
*Lembro de quando tinha uns 2 ou 3 anos e ainda morava em uma chácara na zona sul de porto alegre, eu tenho uma irmã mais nova e ela ficava dentro daqueles "chiqueirinhos", eu estava do lado de fora distante e quando cheguei perto ela estava toda cagada, mas era completamente cagada, o chiqueirinho estava um nojo...
o que eu tiro desde fato...
Na minha vida eu só faço merda :D