LOST (EUA, 2004 – 2010) – Série de TV



Sinopse

Grupo de passageiros sobrevive a queda de um Boeing e fica preso em uma ilha misteriosa.

A série

Criada por Jeffrey Lieber, Damon Lindelof e J.J. Abrams, LOST tornou-se um fenômeno televisivo comparável a TWIN PEAKS, tal a quantidade de bons personagens e elementos fantásticos criativos e enigmáticos inseridos na trama.


Trailer da série




1ª Temporada

Com um custo de 12 milhões de dólares, o primeiro episódio de LOST foi o mais caro já produzido para a TV até então. Nele, os personagens são introduzidos e suas características iniciais apresentadas de forma bastante eficiente, pois é em um desastre que pode-se perceber o caráter das pessoas e como elas interagem com os outros. E nete mesmo episódio os sobreviventes percebem que há algo de muito estranho na ilha. Mais adiante, a existência de um monstro de fumaça negra, ursos polares e nativos hostis chamados de “Os Outros” é estabelecida. Alguns mistérios são verbalizados, outros são mantidos em segredo, o que se tornaria um recurso um tanto irritante durante toda a série, já que a maioria dos segredos e mistérios ao longo da trama, acabam revelando-se desnecessários e uma forma malandra dos autores de prender a atenção do espectador em algo que, na verdade, não é importante. Mas o roteiro é extremamente bem construído, os atores conseguem criar personagens cativantes e o recurso do flashback é utilizado como uma forma de contar suas histórias antes da ilha e estabelecer seus traumas e motivações. Foi uma forma interessante e esperta de variar cenários e aprofundar os personagens, mas que creio ter sido usada em demasia em muitos momentos ao longo das 6 temporadas. E vale salientar a boa direção e a envolvente trilha de Michael Giacchino.


Os personagens que o espectador aprende a amar e odiar ao mesmo tempo.


2ª Temporada

Na segunda temporada os mistérios se aprofundam com a descoberta de um bunker onde códigos númericos tem que ser inseridos em um antigo computador para evitar um suposto apocalipse. A Iniciativa Dharma, um misterioso grupo de cientistas que construiu os bunkers surge em um incompleto filme super-8. E Benjamin Linus (Michael Emerson) é introduzido como um dos vilões mais interessantes e ambíguos já criados para qualquer mídia. Sua figura feia, pequena e fragilizada foi uma grande sacada dos criadores. Nesse ponto a série estabelece a ficção-científica como parte inerente a quase tudo que acontece e acontecerá com os personagens de agora em diante. Mais sobreviventes são descobertos do outro lado da ilha e o mistério de “Os Outros” começa a ser desvendado. Dramas e flashbacks de todos os personagens se aprofundam. Alguns deles acabam se tornando tão empolgantes e emocionantes quanto a trama que se desenrola na illha.


Os flashbacks são uma amostra do passado sórdido dos sobreviventes do voo Oceanic 815.


3ª Temporada

Capturados pelos "Outros", Jack (Matthew Fox), Sawyer (Josh Holloway) e Kate (Evangeline Lilly), são mantidos prisioneiros para que Benjamin seja operado por Jack.
Enquanto isso, Desmond ( Henry Ian Cusick) irá protagonizar um dos episódios mais interessantes, onde é jogado alguns anos de volta no passado, em Londres. Lá ele encontra alguns dos personagens e com a ajuda de um deles, tenta tirar algum sentido dessa viagem no tempo. A partir desse momento, viagens no tempo serão recorrentes em toda a série. Ao final da 3º temporada, os flashbacks são substituídos por flashforwards, exibindo histórias futuras de alguns dos protagonistas já fora da ilha, enquanto alguns ficaram ainda lá. No presente, no entanto, um dos protagonistas principais, em um dos momentos mais emocionantes da série, sacrifica a própria vida para que Jack consiga fazer contato com um barco que supostamente está vindo resgatar a todos. E Locke (Terry O’Quinn), um dos personagens que mais cresceu na trama graças à sua personalidade obcecada e heróica, decide sabotar o resgate parar que todos tem que fiquem presos na ilha.


A tensão sexual entre Sawyer e Kate se resolve.


4ª Temporada

Os mistérios se avolumam, a ilha se torna um personagem por si mesma, flashforwards dos seis sobreviventes que conseguiram escapar da ilha prosseguem e fica claro que as pessoas no barco não está lá para resgatar o sobreviventes, mas sim para matarem Benjamin Linus e se apoderarem da ilha. Os roteiristas conseguem ser extremamente eficientes e criativos criando cada vez mais tramas paralelas e mistérios, mas solucionando apenas cerca de 1/3 deles. Isso passaria a ser muito criticado pelos fãs e espectadores e a complexidade da trama afastou grande parte da audiência na época, desacostumada a ficção-científica. Como uma amiga disse, ela se importava mais com o drama do que com a ciência de LOST e concentrava-se mais nos personagens. Já eu, me envolvia tanto com os dramas dos personagens quanto com as seqüências de aventura/ficção-científica. E até o final da 5ª temporada, LOST não decepcionaria nessa questão.


Benjamin Linus curte um "momento família" com sua filha Alex (Tanya Raymonde).


5ª Temporada

Em termos de ficção-científica, essa é a temporada mais empolgante de todas, com viagens no tempo revirando as vidas dos sobreviventes que ficaram na ilha. Ao mesmo tempo, os seis que conseguiram escapar, são convencidos por Benjamin Linus a voltar para resgatar os outros. O monstro de fumaça negra assume a forma humana de um dos principais protagonistas mortos e a trama se torna mais complexa, assim como a relação entre os personagens, e inúmeras dúvidas surgem para a última temporada.


Presos no passado, os sobreviventes tentam encontrar uma maneira de impedir o acidente que os colocou lá.


6ª Temporada

Com o sacrifício de uma das personagens principais, os protagonistas que estavam presos no passado conseguem retornar para o presente. Ao mesmo tempo os flashforwards acabam e flashsideways mostrando uma realidade paralela, como se o acidente que os levou a ilha jamais tivesse acontecido, iniciam-se. E eis que os criadores e roteiristas levam a série para o lado da fantasia e com referências bíblicas a Caim e Abel. Não sei se na tentativa de dar algum peso judaico-cristão a história e conceitos elaborados durante a série. Coisas como “tudo acontece por uma razão” levando o espectador e os personagens a crer que de alguma forma, algo sobrenatural (Deus) planejou tudo. Ao fim, os flahsideways, que a lógica indicava ser uma realidade paralela criada a partir do episódio final da 5ª temporada, foi ignorada e transformada no purgatório/limbo cristão, para forçar uma ligação com a história dos irmãos Jacob e o Homem de Preto. Do modo com foi construída toda a trama da seta temporada , não havia mais como escapar desse final cristão. Uma pena. Nesse ponto, os criadores fizeram cair em muito o nível intelectual da série criando soluções e explicações um tanto absurdas. O que valeu no final, ao menos, foram as relações de amor e ódio entre os personagens e a luta pelo reencontro entre amantes e amigos em cenas comoventes e absolutamente arrebatadoras.


Jack tem a impressão de que alguma coisa está errada. 
Logo, o espectador teria essa mesma impressão...

Considerações finais

Apesar de certos absurdos e exageros nas referências, metáforas e analogias à mitologia judaico-cristã na qual os autores enredaram-se na última temporada e que os prendeu a solução do Purgatório, posso dizer que esta foi uma grande série de TV que soube trabalhar muito bem a linguagem cinematográfica ao explorar episódios similares contados sobre pontos de vista diferentes, flashbacks, flashforwards e flashsideways (como apelidaram os criadores). Além disso, o talento dos atores e a diversidade de seus  personagens e seus passados misteriosos, trágicos e cômicos forneceram o impacto dramático necessário e vital a uma empolgante e sensacional trama envolta no Fantástico e na Ficção-Científica.

Ficamos sem muitas respostas? Ficamos. Mas quem disse que se precisa de todas? Afinal, a série não deixou de ser um retrato da vida de todos nós, que entramos na vida com muitas perguntas e saímos dela sem respostas.


Paródia





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