WATCHMEN – O FILME (Watchmen, 2009) - Crítica
SINOPSE
O que aconteceria se pessoas “comuns” decidissem colocar a cueca por cima da calça e sair por aí combatendo o crime?
Como isso afetaria a sociedade? Eles seriam vistos como loucos? Heróis? Exibicionistas? Esquizofrênicos?
E o que aconteceria se em dado momento surgisse um super-herói de verdade, alguém com poderes tão incompreensíveis quanto vastos?
E o que aconteceria se alguém começasse a matar os heróis mascarados?
OS QUADRINHOS
Publicada em 12 edições entre 1986-87, a mini-série escrita pelo genial Alan Moore e ilustrada pelo detalhista Dave Gibbons, é o único gibi listado pela revista TIME em 2005 como uma das 100 melhores obras literárias americanas escritas a partir de 1927.
Em uma narrativa épica com dezenas de personagens, Moore e Gibbons recriam a América de 1985 com uma pequena diferença: Heróis e super-heróis existem! E eles fazem a diferença. Para o Bem e para o Mal. Ou além desses conceitos demasiadamente humanos.
Nesta obra suprema de Alan Moore, ele dá sua palavra final em super-heróis hiper-realistas envolvidos na história moderna da América, dos anos 40 aos anos 80. Da ingenuidade idealista ao maquiavelismo político, os super-heróis de Moore são representações do homem comum: ingênuos, simpáticos, marqueteiros, cínicos, psicopatas. Com exceção de um deles: o único e verdadeiro ser com super-poderes entre todos, Dr Manhattan. Mais deus do que homem, Moore o usa para falar de física quântica, política, humanidade e claro, Deus.
Depois de WATCHMEN e O CAVALEIRO DAS TREVAS, publicado no mesmo ano, os quadrinhos americanos nunca mais seriam os mesmos. E nem os filmes de super-heróis.
O FILME
A primeira safra de super-heróis na foto de grupo. Tem heróis para todos os gostos: a gostosa que quer ser famosa, o ingênuo que acredita no Bem, o que quer Justiça pelas próprias mãos, a lésbica moderna e até um estuprador assassino...
Depois de 20 anos de tentativas frustradas de adaptar a obra que muitos consideravam impossível filmar, a tecnologia moderna unida à ganância dos executivos de Hollywood produziram o filme. Para o Bem e para o Mal.
Ao diretor Zack Snider (vindo dos bons e divertidos MADRUGADA DOS MORTOS e 300), junto com os roteiristas, coube o fardo de transpor as 600 páginas de uma obra com dezenas de personagens e cobrindo 5 décadas da história americana em um filme de 162 minutos. Talvez com o dobro desse tempo ele tivesse sido bem sucedido. Mas eu tenho minhas dúvidas.
Como Snyder, um fã da obra de Moore e Gibbons, disse: “Se eu não fizesse, o estúdio daria o filme para outro diretor.” E Snyder tinha muito medo do que outro diretor pudesse fazer com tal material e ele queria manter ao máximo a integridade do texto de Moore. Integridade que acaba sendo um tiro no próprio pé, quando nem o diretor e nem os roteiristas conseguem perceber que repetir diálogos literários de desenhos bidimensionais em um filme com atores reais nem sempre funcionam como deveriam. Em muitos momentos do filme, o som do silêncio diria muito mais.
A última safra de super-heróis. A variedade continua: tem o herói, o mais inteligente de todos, a filha da gostosa que queria ser famosa, o psicopata, o estuprador assassino continua ali, mas agora todos tem deus ao seu lado...
Mas vindo de dois filmes onde zumbis gritavam e espartanos gritavam mais ainda, Snyder parece ainda não ter percebido o valor das coisas não-ditas.
Em WATCHMEN tudo é falado e descrito ao extremo, e as poucas pausas tem que ser preenchidas com imagens e efeitos especiais bombásticos.
E apesar do roteiro ter simplificado e cortado praticamente 2/3 dos personagens, o volume de informações para quem não leu a obra é avassalador, se o espectador realmente tentar prestar atenção em todos os detalhes.
A edição é outro ponto delicado na obra, pois todas as seqüências são praticamente emboladas umas por cima das outras, dando uma impressão de urgência na sala de edição para finalizar o filme no tempo exigido pelos produtores, ficando muita coisa mal resolvida e explicada. Tanto que Snyder promete para breve uma versão com 3h30min.
Claro que o filme de Snyder tem muitas qualidades, mas o número de erros é tão grande que o ritmo do filme parece um coração parado que bate uma vez a cada 5 minutos. Eu geralmente adoro filmes com 3 horas de duração, mas confesso que fiquei entediado já na metade do filme e em certos momentos me sentia eu mesmo um “watchmen”, de tanto que olhava para meu relógio contando os minutos para o filme acabar.
Mas como fã da obra, tenho que dar um certo mérito à Snyder por ter lutado bravamente por uma censura 18 anos para um filme onde conceitos morais e filosóficos tentam ser abordados muito além de produções desse tipo. Várias das idéias de Moore estão no filme, embora eclipsadas pela urgência de contar a história, e com alguma sorte, alguns espectadores podem se sentir compelidos a saber sobre que diabos o filme está falando e se debruçarem tanto sobre o gibi quanto sobre outros livros.
Espectral é interpretada pela atriz Malin Akerman, que é igual a maioria das atrizes jovens da Globo, bonitinha mas ordinária...
E assim como o filme tem altos e baixos na sua narrativa, o mesmo acontece com os atores. Snyder é um homem de ação, pós-Hamlet, e ele está muito mais interessado nas ações físicas (falar, brigar, transar) do que na qualidade e na verdade de seus atores e o que acontece é ter interpretações risíveis como as de Malin Akerman (Espectral), abaixo da expectativa como as de Patrick Wilson (Coruja) e Billy Crudup (Dr. Mahattan), neutras como a de Matthew Goode (Ozymandias), boas como a de Jeffrey Dean Morgan (Comediante) e surpreendentes como a de Jackie Earle Haley (Rorschach). Com atores com tão pouca sintonia entre si fica complicado criar qualquer tipo de jogo verdadeiramente interessante entre eles. E com isso escoa pelo ralo do esgoto a capacidade do espectador de sentir empatia pelos personagens, com exceção de Rorschach.
Mas além dos problemas de ritmo, edição e elenco desajustado, o filme comete outro pecado absurdo para um filme com tão boas intenções: as canções da trilha sonora são extremamente pontuadas e quase sempre soam invasivas ao extremo, dando uma sensação de que alguém pensou: “o filme está uma porcaria, mas pelo menos vamos vender essa trilha sonora!” As músicas, quando escutadas fora do filme, são realmente boas, mas no filme, a maioria delas simplesmente incomoda.
E se você ainda não viu o filme, preste atenção nas duas melhores sequências do filme: a abertura, onde vê-se o surgimento, apogeu e queda dos super-heróis integrados a vários acontecimentos e celebridades da história da América ao som de “The Times They Are A-Changing” de Bob Dylan e Rorschach na prisão, a única seqüência realmente emocionante de todo o filme.
Jackie Earle Haley arrasa com a audiência e com os criminosos como Rorschach. Na prisão, ele lembra Clint Eastwood sob o efeito de anfetaminas...
E também nas duas piores: O Coruja e Espectral transando ao som de “Hallelluja” de Leonard Cohen e a origem do Dr. Manhattan, que mais do que o próprio personagem, não possui emoção alguma além da transcendental música de Philip Glass.
De qualquer forma, se você é um fã de quadrinhos e já leu ou pretende ler WATCHMEN, esse é um filme que você deve ver pelo dever de assistir uma obra cujos conceitos já inspiraram filmes como o próprio BATMAN, X-MEN, OS INCRÍVEIS, SUPERMAN-O RETORNO e HANCOCK. Uma pena que com tantos filmes apropriando-se de idéias e conceitos de WATCHMEN, o próprio acabe esvaziado de metade da originalidade que lhe é devida.
E como era esperado num filme proibido para menores de 18 anos, onde super-heróis transitam entre política, sexo, violência extrema e conceitos morais duvidosos, a produção de 150 milhões de dólares arrecadou, em 30 dias de exibição pelo mundo todo, apenas 172 milhões. Em Hollywood, um filme só é considerado lucrativo se dobrar na bilheteria o custo de sua produção. Para se ter uma idéia, BATMAN – O CAVALEIRO DA TREVAS custou mais ou menos o mesmo que WATCHMEN e estava pago em apenas 4 dias.
Se o Capitão América fosse real, ele seria o Comediante. Se o governo manda proteger, ele protege. Se manda matar, ele mata...
Infelizmente, descontando a acertada e bem pensada razão para explicar o final apocalíptico, Snyder preocupou-se tanto em ser fiel aos quadrinhos que esqueceu de fazer um filme de verdade, ao contrário de BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS, onde os roteiristas e o diretor entenderam que para ser fiel ao personagem e sua história, você não precisa ser fiel aos quadrinhos.
WATCHMEN – TRAILER
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ERA UMA VEZ NA AMÉRICA – ENNIO MORRICONE
A maravilhosa trilha da obra-prima de Sergio Leone está atualmente sendo executada neste blog.
O filme que fala dos sonhos de uma juventude ingênua que se transformam em vidas violentas e amarguradas é o retrato de uma América horrível e melancólica ao extremo. Simplesmente o melhor filme que já vi na minha vida.
NO SITE DA CAPRICHO
Robert Pattison está fedendo lá no blog.
E as razões que os meninos usam para dar um tempo na coluna exclusiva do site.
Comentários
legal os trocadilhos do Rorschach e realmente, tocar 'Hallelluja' na cena da transa, AHAHAHHAHA foi demais. =)
Beijoos
beijos
Vamos lá.
Realmente. É uma pena que com tantos filmes que seguem a mesma linha desse gênero de filme, o filme possa perder o devido valor.
Sobre o livro do Stephen Hawking, Jerri, eu recomendo. Na primeira vez que tentei ler, há 4 anos atrás, não entendi nada. Mas agora que terminei o ensino médio e tive a oportunidade de ver física quântica e relatividade na escola e com meu pai, consegui absorver o livro todo.
Ele fala da teoria do espaço-tempo de autoria do próprio Hawking e outro físico (Penrose). Fala sobre a constante expansão do Universo, da física moderna impulsionada pela relatividade e de astronomia.
Eu gostei muito porque apesar de científico, acabamos criando reflexões durante a leitura um tanto quanto filosóficas sobre que diabos estamos fazendo aqui.
Espero que você o leia, porque é ótimo mesmo.
Por fim, concordo com você sobre o fedor do Robert no site.
Beijos :*
Boa semana.
Vou considerar seu comentario como algo contrutivo!Eu e minhas amigas vamos nos empenhar para atualizar o blog, pra não ser engolido pelas traças...
bjs Ju
To querendo ver o filme, mas vou esperar pra baixar da internet :P
Beeijos
Todas as críticas que eu li até agora sempre falam que os atores estão na maioria muito ruins nos papéis e que memso com tooodo o investimento o filme não saiu essa Coca-Cola toda... Mas quero ver pra tirar minhas próprias conclusões.
Quanto ao negócio de ficar olhando desesperada pro relógio esperando o filme acabar, tive isso essa semana agora, com o The Spirit (pqp queeee filme ruuuim), detestei tuudo no filme (tirando as imagens que são lindas -as imaagens, somente as imaaagens uahaua-).
Deus que me livre de ir no site da Capricho pra ver o Robert Pattinson fedendo por lá. uahauahua Aliás, não sei se você ainda se lembra (provavelmente não0, mas uma das minhas maiores diversões é avacalhar com o Robert Pattinson, e tenho dito. o/
É algo bem próximo a você com o Jota Quest... auhauahua
Beijos,
Bell.
ótima semana!
Dá uma olhadinha la no blog, ele ta se recuperando hahaha...
+2 postagens; interessantes...eu acho.
Adorei seu post la na capricho, e esse do wacthman tbm.
bjs
Agora é esse aqui: www.peripeciasdatatah.blogspot.com
Obrigada a todos que NUNCA me abandonaram e estiveram do meu lado mesmo depois do meu afastamento!
Quem me acompanhava, peço que acompanhem no outro e saiam do antigo tá?
e agora.. VAMO QUE VAMOOO que eu to de volta!
beeeijo
QUERIA TER VISTO ESSA PORRA, MAS NAO DEU PQE MEU IRMAO EÉ DE MENOR E EU FUI COM ELE. BLÉ.
Tenho um amigo que passou uma semana me enchendo o saco pra ver esse filme e até ele se decepcionou ><
jerri vc ainda naum visitou meu blog ><
e ainda vc esta me devendo a entrevista com vc mesmo!
bj
Beijos&abraços
como vc consegui escrever tanta coisa interresante ?
não passei do quinto post
rsrsrsr
sobre a duvida no meu post
eu jurava que a palavra entropar existia
valeu pela dica
xaubjs vcs ja pintaram a unha de pretooo???////????????????
principalmente qdo o rorscharch ta em cena, o melhor d todos, sedento por sangue..
coitado dos cara q ele pega..
pena q para um personagem tao bom um final tao ruim..
odiei akele adrian veidt e o dr. manhattan..
eles se acham deuses akelas porra...
mas o filme é 10..
flw
E à propósito,vc foi muito imbecil criticando alguns heróis,A filha que queria ser famosa,aposto que vc também não gostaria que eu chegasse e dissesse "Esse cara tem um pai famoso e quer fazer sucesso Às custas do pai" ,eu sei que o meu modo de defender a obra é meio esdrúxulo mas dá pra entender o que eu quero dizer,e isso é o que importa.
Tem outra,uma passagem do texto que me fez chorar de rir:
''onde os roteiristas e o diretor entenderam que para ser fiel ao personagem e sua história, você não precisa ser fiel aos quadrinhos.''
É claro claro,temos um personagem com conflitos psicológicos num mundo negro e sem vida,fazemos o filme com um personagem com conflitos psicológicos num mundo de coelhos fofos e doces que caem do arco-íris.Sinto muito,mas o personagem fica TOTALMENTE descaracterizado se o contesto em que ele vive não é bem expressado...
concluindo,minha crítica massiva à sua critíca massiva pode ser resumida a seguinte frase:
Não fale coisas sem pensar,pois você pode ser julgado com um punhado de merda de cavalo caso o fizer...
kkkk