SÉCULO XXI – Blog Convidado
Nas minhas andanças pela blogosfera topei com o blog do André Pessoa, professor de História, Filosofia, Teologia e Sociologia. Graças a essa formação e profissão, André consegue tecer reflexões lúcidas e inteligentes sobre os mais variados assuntos e temas que lhe interessam, demonstrando uma grande preocupação pelos caminhos da nossa humanidade sempre à beira do abismo.
No texto que se segue usarei o termo “cristianismo” no sentido de ensino de Cristo, e não de prática da igreja. Afinal de contas, a igreja dita cristã não pratica o cristianismo enquanto ensino do nazareno.
A tese que desenvolverei neste artigo não é minha (embora corresponda também ao meu pensamento), mas do filosofo alemão Friedrich Nietzsche. Segundo este, em cada difusão do cristianismo entre as massas, aquele se afastava cada vez mais dos pressupostos fundamentais sob os quais nasceu.
Ou seja, quanto mais longe de sua origem e mais acessível ao povo, o cristianismo tornou-se mais bárbaro e vulgar. O preço de ganhar o mundo pago pelo cristianismo foi perder a essência, servir a propósitos mesquinhos e se transformar em um conjunto de superstições grosseiras.
O cristianismo morreu na cruz com o próprio Jesus Cristo. Por isso diz Nietzsche: “[...] a palavra cristianismo é um equívoco, no fundo existiu apenas um único cristão, e esse morreu na cruz”. O segundo está por nascer!
Quando o galileu suspirou ensangüentado no madeiro, perdoou o “bom ladrão” (se é eu existe tal coisa fora da lenda de Robin Hood) e entregou o espírito ao pai entre muitos clamores, com ele também morreu um ensino nunca bem entendido e deturpado pelos seus pretensos seguidores.
Todo o cristianismo posterior a morte de Cristo foi uma tosca e confusa tentativa de resgatar algo que jamais foi resgatado: o verdadeiro sentido das palavras de Jesus. Para ser mais sincero, os apóstolos, os pais da igreja e a igreja institucional posterior se esforçaram para moldar o cristianismo aos seus interesses nem sempre muito nobres.
A deturpação dos ensinos do Cristo resultou em doutrinas e dogmas absurdos que compõem a base sobre a qual se apóia toda a pregação fantasiosa da igreja católica e protestante. A maldade e a perversão atingiram níveis nunca vistos antes na exegese que alguns “santos” fizeram da Bíblia!
O preconceito judaizante de Pedro, o estabelecimento de uma hierarquia eclesiástica feito por Paulo e o gnosticismo fantasmagórico de João que faz Jesus quase flutuar ao invés de pisar no chão, nunca foram ensinados pelo próprio Jesus. Quanto à igreja posterior, é melhor nem comentar detalhadamente os horrores praticados por esses “servos de Deus”!
Talvez tenha sido por perceber essa realidade que o mesmo Nietzsche, em sua obra “O anticristo”, define a igreja como “esta forma de inimizade mortal frente a toda justiça, a toda sublimidade da alma, a toda educação do espírito, a toda humanidade livre e boa”. Na visão do filósofo em questão, a igreja é inimiga declarada da vida!
Uma coisa é certa: embora existam certas variáveis no ensino posterior da maior parte das religiões, a impressão que temos é que foi o cristianismo a mais deturpada e modificada das visões religiosas. O afastamento do cristianismo da simplicidade e da amoralidade do Cristo o tornou um monstro no melhor estilo Frankstein; cheio de anomalias e remendos que o tornam horroroso!
Caso ainda estivesse vivo, Jesus Cristo não freqüentaria e nem suportaria ambientes ditos sacros como o vaticano ou as igrejas ditas evangélicas. Aliás, ainda que conseguisse suportá-los seria convidado educada e hipocritamente a se retirar pelos padres e pastores, uma vez que a sua presença inibiria os reais propósitos das instituições religiosas.
Jesus Cristo e os seus ensinos não têm qualquer relação com a religião atual. Como bem disse outra vez Nietzsche: “Olho a minha volta e já não resta uma palavra só do que antigamente se chamava verdade, já não agüentamos que um sacerdote ponha sequer na boca a palavra verdade”.
A pompa e o egocentrismo dos clérigos, a sede por poder e dinheiro, a pedofilia nas paróquias, a discriminação e o preconceito dentro das igrejas, o envolvimento perverso de certos “pastores” com a política e outros graves sinais me dizem que o cristianismo morreu. Aliás, ele precisa ser sepultado; já está fedendo!
Se pretendêssemos ser mais extremados e enfáticos em nosso posicionamento, deveríamos afirmar, sem medo de errar, que a única forma de ser cristão é exatamente fazendo o contrário daquilo que a igreja ensina nos seus dogmas centrais. A verdadeira igreja seria, então, uma antigreja e o verdadeiro cristianismo um anticristianismo.
Acho que Nietzsche errou quando disse que Deus estava morto, mas teria acertado caso afirmasse que o cristianismo morreu. De fato, o cristianismo morreu a mais de dois mil anos atrás lá no calvário quando o nazareno, entre gritos de dor e cravos pontiagudos traspassando as suas mãos, suspirou levando consigo aquilo que a igreja nunca conseguiu entender!
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SÉCULO XXI
ANTICRISTIANISMO
A tese que desenvolverei neste artigo não é minha (embora corresponda também ao meu pensamento), mas do filosofo alemão Friedrich Nietzsche. Segundo este, em cada difusão do cristianismo entre as massas, aquele se afastava cada vez mais dos pressupostos fundamentais sob os quais nasceu.
Ou seja, quanto mais longe de sua origem e mais acessível ao povo, o cristianismo tornou-se mais bárbaro e vulgar. O preço de ganhar o mundo pago pelo cristianismo foi perder a essência, servir a propósitos mesquinhos e se transformar em um conjunto de superstições grosseiras.
O cristianismo morreu na cruz com o próprio Jesus Cristo. Por isso diz Nietzsche: “[...] a palavra cristianismo é um equívoco, no fundo existiu apenas um único cristão, e esse morreu na cruz”. O segundo está por nascer!
Quando o galileu suspirou ensangüentado no madeiro, perdoou o “bom ladrão” (se é eu existe tal coisa fora da lenda de Robin Hood) e entregou o espírito ao pai entre muitos clamores, com ele também morreu um ensino nunca bem entendido e deturpado pelos seus pretensos seguidores.
Todo o cristianismo posterior a morte de Cristo foi uma tosca e confusa tentativa de resgatar algo que jamais foi resgatado: o verdadeiro sentido das palavras de Jesus. Para ser mais sincero, os apóstolos, os pais da igreja e a igreja institucional posterior se esforçaram para moldar o cristianismo aos seus interesses nem sempre muito nobres.
A deturpação dos ensinos do Cristo resultou em doutrinas e dogmas absurdos que compõem a base sobre a qual se apóia toda a pregação fantasiosa da igreja católica e protestante. A maldade e a perversão atingiram níveis nunca vistos antes na exegese que alguns “santos” fizeram da Bíblia!
O preconceito judaizante de Pedro, o estabelecimento de uma hierarquia eclesiástica feito por Paulo e o gnosticismo fantasmagórico de João que faz Jesus quase flutuar ao invés de pisar no chão, nunca foram ensinados pelo próprio Jesus. Quanto à igreja posterior, é melhor nem comentar detalhadamente os horrores praticados por esses “servos de Deus”!
Talvez tenha sido por perceber essa realidade que o mesmo Nietzsche, em sua obra “O anticristo”, define a igreja como “esta forma de inimizade mortal frente a toda justiça, a toda sublimidade da alma, a toda educação do espírito, a toda humanidade livre e boa”. Na visão do filósofo em questão, a igreja é inimiga declarada da vida!
Uma coisa é certa: embora existam certas variáveis no ensino posterior da maior parte das religiões, a impressão que temos é que foi o cristianismo a mais deturpada e modificada das visões religiosas. O afastamento do cristianismo da simplicidade e da amoralidade do Cristo o tornou um monstro no melhor estilo Frankstein; cheio de anomalias e remendos que o tornam horroroso!
Caso ainda estivesse vivo, Jesus Cristo não freqüentaria e nem suportaria ambientes ditos sacros como o vaticano ou as igrejas ditas evangélicas. Aliás, ainda que conseguisse suportá-los seria convidado educada e hipocritamente a se retirar pelos padres e pastores, uma vez que a sua presença inibiria os reais propósitos das instituições religiosas.
Jesus Cristo e os seus ensinos não têm qualquer relação com a religião atual. Como bem disse outra vez Nietzsche: “Olho a minha volta e já não resta uma palavra só do que antigamente se chamava verdade, já não agüentamos que um sacerdote ponha sequer na boca a palavra verdade”.
A pompa e o egocentrismo dos clérigos, a sede por poder e dinheiro, a pedofilia nas paróquias, a discriminação e o preconceito dentro das igrejas, o envolvimento perverso de certos “pastores” com a política e outros graves sinais me dizem que o cristianismo morreu. Aliás, ele precisa ser sepultado; já está fedendo!
Se pretendêssemos ser mais extremados e enfáticos em nosso posicionamento, deveríamos afirmar, sem medo de errar, que a única forma de ser cristão é exatamente fazendo o contrário daquilo que a igreja ensina nos seus dogmas centrais. A verdadeira igreja seria, então, uma antigreja e o verdadeiro cristianismo um anticristianismo.
Acho que Nietzsche errou quando disse que Deus estava morto, mas teria acertado caso afirmasse que o cristianismo morreu. De fato, o cristianismo morreu a mais de dois mil anos atrás lá no calvário quando o nazareno, entre gritos de dor e cravos pontiagudos traspassando as suas mãos, suspirou levando consigo aquilo que a igreja nunca conseguiu entender!
André Pessoa
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